Batata com qualidade e beleza em única variedade

O consumidor escolhe a batata, um dos alimentos mais consumidos no mundo, pela aparência. Batatas com casca brilhante e com poucas manchas são as preferidas. Mas o que importa é o que está por trás da casca. Muitas variedades de batata de excelente qualidade não possuem as características externas desejadas e acabam sendo menosprezadas. Outras de aparência boa não satisfazem tanto em relação à qualidade.

Juntar qualidade, aparência, resistência à doenças e ainda as facilidades culinárias (boa tanto para cozinhar quanto para fritar) em uma única variedade de batata é o desafio do Instituto Agrônomo do Paraná (Iapar), que conduz pesquisas de melhoramento genético em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Temperado, sediada em Pelotas, no Rio Grande do Sul.

O melhoramento genético nestes estudos constitui-se no método tradicional. Para isto, os pesquisadores pegam as variedades para o cruzamento desejado (um exemplo seria pegar uma batata que possui um cozimento bom, mas com uma casca feia, e uma que tem uma aparência boa e qualidade inferior). Separa-se o pistilo, que é o órgão feminino da planta, e o pólen. A fecundação gera diversas sementes, que são colocadas para germinar. Cada uma delas gera uma planta com minitubérculos puros. E, a partir daí, começam as pesquisas no campo, verificando como estes exemplares se comportam.

O pesquisador Nilceu Nazareno, que coordena dois projetos com batatas no Iapar, explica que os minitubérculos são criados na Embrapa Clima Temperado. Os testes acontecem em campos experimentais do Iapar. Um deles está situado na cidade da Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba. Depois de um determinado tempo, os exemplares que resistem passam por novos testes no campo. “Selecionamos os tubérculos que resistiram e que apresentaram características favoráveis. Eles vão para uma câmara fria e, no ano seguinte, são plantados de novo”, explica Nazareno.

Selecionamos os tubérculos que resistiram e que apresentaram características favoráveis. Eles vão para uma câmara fria e, no ano seguinte, são plantados de novo. Nilceu Nazareno, pesquisador do Iapar.

Pode demorar anos para chegar até a certeza de uma nova variedade. Aconteceram casos de exemplares que deram uma boa resposta e, depois de muito tempo, apresentaram certas características que não agradam.

As pesquisas do Iapar e da Embrapa estão muito próximas da determinação de a uma nova variedade. É a PG AG03-11, comparativa à variedade Ágata, a mais cultivada no País. Esta batata vai passar em breve pelos testes exigidos para registro no Ministério da Agricultura, que autoriza oficialmente este tipo de nomeação.

Iapar distribuiu variedade orgânica

A última variedade determinada pelo Iapar foi a batata Cristina, voltada para a produção orgânica, em 2005. Oficialmente, ocorreu um pré-lançamento, durante o evento Paraná Orgânico naquele ano. A variedade ainda depende de registro no Ministério da Agricultura, mas já é utilizada por produtores da Região Metropolitana de Curitiba. O Iapar fez o lançamento das variedades Contenda, em 1988, e Araucária, em 1997. Após os experimentos, a batata Cristina foi entregue a um produtor do município de Araucária, juntamente com outras amostras de diferentes variedades. Todas foram plantadas ao mesmo tempo.

O produtor percebeu a resistência da variedade Cristina a uma doença chamada de requeima. Além disso, este tubérculo possui um nível de tolerância aos defeitos fisiológicos mancha de chocolate, embonecamento, coração oco e rachaduras. A batata Cristina &eacu,te; encontrada em Curitiba nas feiras de produtores orgânicos. Ela tem uma película clara e áspera e a polpa amarelada.

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