Chuva de meteoros poderá ser observada no Brasil terça-feira

Entre 3h e 5h da próxima terça-feira, em direção ao nordeste, próximo ao horizonte, na constelação de Perseu, será possível, se as condições atmosféricas forem favoráveis, contemplar a máxima intensidade de uma das mais belas chuvas de meteoros: as Perseidas.

Como a Lua em quarto-crescente vai ocorrer no dia 8 de agosto – a luz da Lua vai interferir ate as 3h – e, portanto, o fundo do céu estará mais escuro, esse fato permitirá observar os meteoros de brilho mais tênue.

Essa chuva de meteoros está associada à poeira deixada na órbita da Terra pelo cometa Swift-Tuttle. Apesar de o cometa não estar muito próximo da Terra, ao atravessarmos o rastro de partículas que o cometa deixou em sua trajetória – o que ocorre todos os anos no mês de agosto – os pequenos fragmentos do cometa ao se chocarem com atmosfera terrestre com a velocidade de 200 km/h causam um fenômeno luminoso popularmente conhecido como estrela cadente – um meteoro – fenômeno luminoso produzido pelo atrito desses fragmentos do rastro do cometa ao se chocar com as moléculas da atmosfera.

Em geral, as partículas se desintegram, provocando uma chuva de estrelas cadentes. Como essas estrelas cadentes têm origem na constelação de Perseu denomina-se essa chuva de Perseidas e aos meteoros de perseídeos.

O espetáculo desse ano deve ocorrer às 3 horas da madrugada de terça-feira. Esses meteoros da ordem de 60 a 100 por hora são relativamente grandes, lentos e coloridos, constituindo uma das mais belas chuvas de meteoros.

Como a constelação de Perseu está situada mais ao norte, as observações no Brasil serão melhores no norte e nordeste. Para uma boa visualização dos fenômenos, convém procurar um local longe da poluição luminosa das grandes metrópoles.

Mais próximo do horizonte, abaixo da constelação de Perseu, encontram-se as Plêiades – o aglomerado estrelar aberto que os índios brasileiros utilizavam para marcar o início do período das chuvas -, da constelação do Touro.

A história dos enxames das Perseidas é de quase dois mil anos. O primeiro espetáculo deste tipo foi registrado pelos observadores chineses em 17 de julho do ano 36. Outra ocorrência mais antiga, nos fins de julho do ano 714, foi amplamente documentada por chineses, japoneses e coreanos.

Na Europa, esta chuva de meteoros foi registrada pela primeira vez no ano de 811. Existem muitos registros desta chuva em 830. A existência de Perseidas, como a maior chuva anual de meteoros, foi reconhecida, em 1835, pelo astrônomo belga Adolphe Quételet (1796-1874), em Bruxelas, pelo norte-americano E.C. Herrick, nos EUA, e por diversos outros observadores. Desde então tem sido observada anualmente.

Por muitos anos as Perseidas foram conhecidas tradicionalmente como as Lágrimas de São Lourenço, por coincidir o dia de máxima atividade desta chuva de meteoros com a provável data da morte de São Lourenço, em 10 de agosto de 258.

Entre 1864 e 1866, o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli (1835-1910), ao calcular a órbita das Perseidas, mostrou que ela é quase idêntica à do cometa periódico Swift-Tuttle. Foi a primeira prova matemática encontrada, que associava um enxame de meteoros a um cometa.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e autor de mais 85 livros, entre outros, O manual do astrônomo.

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