Proteína age na formação da memória

Foto: Divulgação
Neurônios competem para codificar memória no cérebro.

São Paulo – A ciência ainda sabe pouco sobre como o cérebro designa células para participar na codificação e no armazenamento da memória. Mas uma equipe de pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, e da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), nos Estados Unidos, descobriu que uma proteína denominada ?creb? controla a capacidade de um neurônio de se eleger para participar da formação de memórias.

O estudo foi publicado na última sexta-feira na revista Science. A descoberta indica um caminho possível rumo a novas abordagem para a preservação da memória de quem sofre do mal de Alzheimer e de outras doenças cerebrais.

De acordo com os autores, os neurônios ?competem? para codificar uma memória no cérebro. Utilizando modelos animais, a equipe estudou como algumas células cerebrais se incorporam na rede neural que serve de base a uma lembrança em particular. Os neurônios que ?venceram a competição? no experimento tinham altos níveis de creb. O mecanismo preciso pelo qual a proteína confere vantagem competitiva aos neurônios permanece desconhecido.

?Formar a memória não é um ato consciente?, explicou Alcino Silva, coordenador da pesquisa e professor de neurobiologia e psiquiatria na Escola de Medicina David Geffen School, da Ucla. ?O aprendizado desencadeia uma tempestade química no cérebro que determina quais memórias serão guardadas e quais serão perdidas.?

Silva e a equipe utilizaram um modelo em camundongos para avaliar a hipótese. Eles implantaram a creb em um vírus, que foi introduzido em algumas das células da amígdala cerebelar dos animais – a região do cérebro crítica para a memória emocional.

A equipe testou a capacidade dos camundongos para relembrar uma gaiola específica que visitaram anteriormente. Para visualizar quais células cerebrais armazenaram as memórias do camundongo sobre a gaiola, os cientistas empregaram um marcador genético para revelar atividade neuronal recente. Quando a equipe examinou as amígdalas dos animais após o experimento, encontrou nos neurônios o marcador e quantidades substanciais de creb.

?Descobrimos que a quantidade de creb influencia se o cérebro armazena ou não as memórias. Se uma célula apresenta pouca quantidade dessa proteína, é menos provável que mantenha a memória. Se ela a apresenta em quantidade, o armazenamento é mais provável?, disse Silva. 

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