Cultivo da Canola ganha novos campos no Paraná

Depois de um período de enfraquecimento na região norte do Paraná, o cultivo da canola começa a ganhar novos campos no Estado. A região sudoeste se destaca hoje como a principal produtora, sendo que, só nesta safra, a cultura deve crescer 37,4% no Paraná.

Considerada a terceira oleaginosa mais produzida no mundo, no Brasil a canola tem seu principal uso na alimentação humana. Porém, na Europa, o óleo de canola é mais utilizado para produção de biodiesel. E isso vem despertando novos horizontes para a cultura também no mercado interno.

A área cultivada com canola no Paraná nesta safra, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), é de 4.160 hectares (ha), cuja produção estimada é de 6,2 mil toneladas.

Comparado a outras culturas de inverno, como o trigo, que ocupa uma área superior a um milhão de hectares, o plantio da canola chega a ser inexpressivo. No entanto, teve um crescimento superior ao trigo, que foi de cerca de 30%. O alto valor agregado do produto, aliado à alternativa de uma cultura de inverno, fez com que aumentasse o interesse pela oleaginosa.

A Cooperativa de Desenvolvimento e Produção Agropecuária (Codepa), na região de Mangueirinha, passou de 300 hectares cultivados na última safra para dois mil hectares neste ano – com as geadas no mês de maio, teve uma perda de 500 hectares. O vice-presidente da Codepa, Nelson José Konzen, afirma que a cooperativa está apostando na cultura porque acredita ter um grande potencial de crescimento.

“A canola é considerada (fonte de) óleo nobre, que tem mercado igual ao da soja e boa rentabilidade. Além disso, serve como uma alternativa pré-milho”, pondera. Na última safra, os produtores da Codepa conseguiram uma produtividade entre 1,5 mil a 1,8 mil quilos por hectare. Mas, segundo Konzen, a canola tem potencial para chegar a 3 mil quilos por hectare.

Por isso, nesta safra, a cooperativa investiu mais em adubação. A Codepa já vendeu toda a produção para uma fábrica de óleos do Rio Grande do Sul. A colheita ocorre entre os meses de agosto e setembro.

Mercado crescente na América Latina, com compra garantida

Cocamar/
Divulgação
Detalhe da flor de canola: cultivo beneficia culturas subseqüentes.

De acordo com dados da Embrapa Trigo, o mercado para a canola
vem crescendo na América Latina. A previsão para a safra 2008 é de uma produção de 74 mil toneladas de óleo de canola, para um consumo de 84 mil toneladas. No farelo, a produção está em 111 mil toneladas, ante um consumo potencial de um milhão de toneladas.

A estimativa de cultivo para este ano era de 130 mil hectares, distribuídos entre o Paraguai (60 mil hectares), Brasil (50 mil ha) e Argentina (20 mil hectares).
No mercado internacional, os grãos de canola têm preço semelhante
aos de soja em Rotterdam – porto holandês que é a principal praça de referência de preços na Europa -, e no Brasil a compra é garantida por várias indústrias de óleo.

Nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil e no Paraguai, vários produtores têm colhido em torno de 30 sacas por hectare (1.800 kg/hectare), com custos variáveis de 12 sacas por hectare (720 kg/hectare).

Além da rentabilidade, a canola traz benefícios para outras culturas. Estudos difundidos na Europa, Austrália e Canadá mostraram que seu cultivo reduz a ocorrência de doenças nas culturas subseqüentes, contribuindo para que o trigo semeado no inverno seguinte apresente rendimentos até 20% superiores e tenha maior qualidade e menor custo de produção.

Falta de incentivos leva pioneira a rever produção

A Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá, noroeste do Estado, foi uma das pioneiras no Brasil a trabalhar com a canola, no início da década de 90. Também foi a primeira do País a processar a oleaginosa.

O interesse pela cultura surgiu como uma alternativa de inverno, assim como para ampliar a linha de óleos nobres da produção da cooperativa, 95% é de óleo de soja e 5% de óleos de canola, girassol e milho. A marca de óleos especiais, Suavit, é a segunda mais consumida no Paraná e a quinta no interior de São Paulo.

A cooperativa, que já chegou a ter 4 mil hectares cultivados, nesta safra não atingiu 600 hectares. O desinteresse pela cultura se deu por vários motivos. Entre eles, a mudança do clima, que afetou diretamente a produtividade da canola.

Aliado a isso, não existe seguro agrícola para a cultura, nem linhas específicas de financiamento. O preço em alta do milho também acabou sendo decisivo para a redução da área cultivada com canola. Diante destes fatores, a Cocamar deverá rever seus investimentos na cultura, e para manter o produto no mercado, deverá passar a apenas refinar o óleo.

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