O aumento do consumo de carne de coelho está levando muita gente a apostar neste ramo. O problema, porém, é que muitos iniciam o novo negócio sem um mínimo de preparo, visando apenas ao lucro fácil. O resultado pode ser o pior possível: uma produção de baixa qualidade, que acaba promovendo um ?contra marketing? da atividade.
O alerta é do presidente da Cooperativa dos Produtores de Coelhos do Estado do Paraná (dono da marca Coelho Brasil), Dirceu Alves do Carmo. ?Há uma certa carência do produto. Sempre que isso acontece, entram no mercado os ?atravessadores?, que incentivam a produção, eu diria, irresponsável?, apontou. Segundo ele, os produtores que são estimulados a entrar neste meio não recebem orientações adequadas. ?Nosso alerta é para que os interessados, antes de entrar no ramo, procurem um grupo de produtores que tenham um histórico de produção?, recomendou.
De acordo com Alves, a criação de coelhos requer alguns cuidados de manejo, que somam pontos na hora da comercialização. ?Uma das principais exigências das redes de supermercados é a qualidade, especialmente na produção. Isso envolve questões ambientais, sociais, qualidade de manejo?, explicou. Fora das normas de exigência, muitos produtores novatos acabam não conseguindo vender seus produtos. ?Nos últimos seis meses, o consumo ficou maior que a oferta, e o que observamos é que alguns que estavam fora do nosso grupo acabaram ficando no caminho. Ou seja, o mercado não absorveu o produto deles?, apontou.
Sobre a figura do ?atravessador?, Alves explicou que se trata da pessoa que tem contato direto com o abatedouro e sabe quando há falta do produto no mercado. ?Ele faz a intermediação e incentiva a produção de coelhos. O problema é que o início da atividade já ocorre de maneira incorreta – muitas vezes, nos fundos da casa – e o seu produto acaba não sendo aceito?, explicou. Segundo Alves, é comum a cooperativa receber telefonemas de pessoas que resolveram apostar na criação de coelhos e agora vêm acumulando prejuízos. ?Tem muita gente boa me ligando, desestimulada com o negócio?.
Investimento
O investimento inicial para a criação de coelhos varia entre R$ 5 mil e R$ 8 mil. ?Nossa recomendação é iniciar a criação com um mínimo de dez e o máximo de 50 matrizes?, disse. Uma família para recria é formada por dez machos para cada fêmea. A rentabilidade, segundo Alves, varia de 15% a 25% do faturamento total, dependendo se há mão-de-obra própria, se o fornecedor de ração está distante ou não.
A Cooperativa dos Produtores de Coelhos do Estado do Paraná conta com 22 cooperados – este número, porém, já chegou a 38 – e 16 granjas. Ao todo, são abatidos entre 3 mil e 5 mil animais por mês, que resultam em entre quatro a sete toneladas de carne. O maior mercado consumidor é São Paulo. Considerada ?carne nobre?, a carne de coelho custa, em média, de R$ 12,00 a R$ 15,00 o quilo para o consumidor final.