DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Direitos da mulher não são questão de gênero, mas de humanidade!

A história do dia Internacional da Mulher traz uma história de luto e luta. Lembra a coragem de 129 mulheres operárias de New York que entraram em greve e ocuparam uma fábrica têxtil.

Elas reivindicavam salários iguais aos dos homens e redução da jornada de trabalho de 16 horas diárias. No dia 8 de março de 1857 os patrões decidiram calar suas vozes, trancaram-nas em um pavilhão e atearam fogo. Todas morreram queimadas.

Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho. Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan “Pão e Rosas”, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.

Mais tarde, o Partido Socialista norte-americano decretou o último domingo de fevereiro o Dia Internacional da Mulher. Foi comemorado pela primeira vez em 1909 e pela última vez no ano de 1913, pois durante uma conferência mundial das organizações socialistas, decorrida em Copenhagen (Dinamarca), foi decidido que aquele dia não poderia ficar em branco e a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs o Dia Internacional da Mulher em 8 de março, não como um dia de festas, mas como um dia de luta pelos direitos, entre os quais a promoção da igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.

O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher. Em 1995, as mulheres, reunidas em Beijing tomaram uma  decisão fundamental para toda a humanidade e desde então, o mundo reconheceu, claramente, que a igualdade entre os sexos era essencial para o desenvolvimento e a paz de todos os países.

Mas ainda no século XXI, nem tudo está como deveria. As mulheres constituem a maioria da população situada no limiar da sobrevivência. Em boa parte de África e Ásia, representam três quartos da população analfabeta.

Em média, em quase todo o mundo, o respectivo salário é mais baixo do que aquele que é pago aos homens por idêntico trabalho, alem de as mulheres exercerem menos cargos de chefia. A história de discriminação sofrida pelas mulheres data de tempos imemoráveis.

Já fomos criaturas de segunda categoria, pecadoras, bruxas, bens de troca e “machos imperfeitos”. Civilizações foram construídas baseadas na idéia de que os homens devem ter todos os poderes sobre as mulheres porque são essencialmente melhores do que elas.

Ainda hoje existem costumes bárbaros como o ritual milenar africano de extirpação do clitóris de crianças e adolescentes, que afeta pelo menos dois milhões de meninas por ano. Milhares de mulheres, e meninas, ainda são vendidas e compradas tendo como destinos o matrimônio, a prostituição ou a escravidão em várias regiões do mundo. Ainda há muito que lutar.

A violência contra a mulher ainda é matéria diária em jornais. Dados da ONU revelam que 7 em cada 10 mulheres são agredidas física e/ou sexualmente ao longo da vida! O Dia Internacional da Mulher não deve ser apenas uma data para mandar flores ou mensagens bonitinhas em redes sociais, mas um dia de conscientização de todos sobre os direitos das mulheres por melhores condições de vida.

A culpa é um sentimento que nos perpassa todos os dias, seja porque não conseguimos fazer o almoço perfeito, porque colocamos uma roupa que deixa à mostra as curvas do corpo, porque não conseguimos estar no mesmo patamar de beleza estética proclamado pela mídia e pela indústria hollywoodiana, onde as moças já acordam com batom e os cachos perfeitos ou porque temos de ser mães perfeitas o tempo todo.

Em uma pesquisa que realizei junto a mulheres que deixam seus filhos pequenos em  escolhinhas para irem trabalhar, detectei grand,e culpa pelo fato de ter de “deixar seu filho aos cuidados de outros”.

Sim, temos uma maravilhosa condição biológica muito especial, a de gerar ou ter filhos pela adoção, e a sociedade deveria entender e compatibilizar licenças e rede de apoio social para que o cuidado com os filhos possa ser exercido com plenitude. Aliás, existem homens que adotam filhos e os mesmo também precisam de licenças compatíveis.

Apesar de tudo, ainda hoje, há pessoas que torcem o nariz quando  se fala em “feminismo”, como uma recente crônica de uma excelente atriz que acabou recebendo tantas críticas que ela teve de publicar um pedido de desculpas.

Escreveu que tinha uma babá “mulata” que causava “furor entre os homens que gemiam e ganiam nas obras das ruas” e que a “vitimização do discurso feminista a irritava”. Foi infeliz o seu escrito porque sim, de fato, ainda existe vitimização da mulher. É preciso olhar além do próprio umbigo de classe média alta e poder social.

O texto virou um fervor na mídia e redes sociais, com gente contra e a favor do fiu-fiu nas ruas. Alguns dizem que assobiar e fungar diante de uma mulher na rua é um ritual de flerte… Sou do tempo em que era considerado elogioso quando um homem assobiava, fungava ou “secava” uma mulher na rua.

Pois esse tempo passou e precisamos nos atualizar e não apenas repetir refrões passados. De fato, para saber a opinião real as mulheres é preciso fazer uma pesquisa sistemática e não apenas as opiniões de colunistas. Tenho certeza de que esse fator não é visto com bons olhos pelas mulheres atuais, mas é claro que este aspecto não é o mais importante entre tantos que precisam mudança.

Há um longo caminho para ser percorrido e falar do fiu-fiu, da violência, da falta de políticas públicas para a mulher, entre outros temas, não deve ser visto como uma guerra entre homens e mulheres. É uma questão além de gênero. É uma questão de humanidade. Não queremos mais queimar sutiãs em praça pública como no início do movimento feminista, queremos dignidade, oportunidades e respeito.

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