Saúde da gestante

Remédio na gravidez traz risco de má-formação congênita

O uso de medicamentos durante o período da gestação pode acarretar danos ao bebê em desenvolvimento. Os efeitos nocivos sobre o embrião ou feto, bem como a magnitude destes dependerá do fármaco (princípio ativo do medicamento), de aspectos relacionados à paciente, da época de exposição durante a gestação, da frequência e da dose total administrada.

No primeiro trimestre da gravidez, os fármacos podem produzir má-formação congênita (teratogênese), e o período de maior risco está entre a 3.ª e a 11.ª semana. Durante o segundo e terceiro trimestre, os fármacos podem afetar o crescimento ou o desenvolvimento funcional do feto, ou podem ter efeito tóxico sobre seus tecidos.

Fármacos administrados muito próximos ao parto podem causar efeitos adversos neste processo ou no recém-nascido. Nem todos os efeitos prejudiciais da exposição intrauterina aos fármacos são notados logo ao nascimento. Alguns podem se manifestar em outra fase da vida e provocar efeitos adversos no desenvolvimento funcional, social e intelectual.

Desta forma, recomenda-se uma atitude conservadora no uso de medicamentos durante a gestação e, quando necessário, usar somente com recomendação médica.

Os fármacos devem ser usados durante a gravidez somente se os benefícios esperados para a mãe forem maiores que os riscos potenciais ao feto e todos os fármacos devem ser evitados, se possível, durante o primeiro trimestre, devido ao risco de efeito teratogênico. Contudo, mesmo diante destas recomendações, diferentes estudos mostraram um alto consumo de medicamentos por gestantes, seja por prescrição ou automedicação.

Como medicar as doenças crônicas

Em algumas circunstâncias, como em doenças crônicas ou intercorrentes, o tratamento da mãe se faz necessário. Nestes casos, pode acontecer que o receio desmedido do uso de fármacos durante a gravidez leve ao não tratamento, falta de adesão materna a prescrição e uso de doses insuficientes, provocando risco ao bem estar materno e, consequentemente, ao feto.

Mulheres com asma, epilepsia, hipertensão ou diabetes – estas duas últimas podem até surgir durante a gravidez – por exemplo, precisam ser tratadas com os medicamentos conhecidamente mais seguros para esta fase da vida. Doenças intercorrentes agudas também requerem controle farmacológico de suas manifestações.

Infecções virais, fúngicas e bacterianas necessitam de tratamento sintomático ou específico. Os sintomas são controlados com analgésicos, antitérmicos, descongestionantes nasais, entre outros.

Já os antimicrobianos são os agentes curativos das infecções. Também as alergias, agudas
ou crônicas, podem requerer tratamento farmacológico. Atenção especial deve ser dada ao uso de medicamentos fitoterápicos e tratamentos alternativos como chás a base de plantas medicinais. Existem poucos estudos clínicos envolvendo estes remédios. Na ausência de informações, não devem ser utilizados durante a gravidez.

Contudo, apesar de todos estes cuidados, a carência de informação na literatura sobre este assunto pode dificultar a análise da segurança no uso de medicamentos durante o período gestacional. Isto porque a gestação oferece empecilhos éticos e técnicos à realização de ensaios clínicos.

Assim, a maioria das informações são obtidas de estudos em animais, estudos epidemiológicos observacionais e de notificações pós-registro. A ausência de informação na literatura sobre os efeitos de um determinado fármaco se usado durante a gravidez não significa que o mesmo seja seguro para usar neste período. Em caso de necessidade, deve ser dada preferência àqueles com maior experiência clinica e com mais informação disponível na literatura.

Para auxiliar a escolha da melhor opção farmacoterapêutica em pacientes ,grávidas, foram criadas categorizações de risco na gravidez conforme os dados da literatura. Uma das classificações mais conhecidas é a utilizada pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, que também é adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Conforme esta categorização, o risco gestacional é expresso pelas letras A, B, C, D e X, de acordo com nível de dano que os fármacos representam para o feto e a extensão da cautela que se deve ter no seu uso. A classificação da FDA, cujas categorias são listadas a seguir, tendem a simplificar demais um assunto tão complexo, portanto, deve sempre ser usada em conjunto com informações explicativas.

* Categoria A: estudos controlados em mulheres não demonstraram risco ao feto no primeiro trimestre (e não há evidência de risco nos demais trimestres), e a possibilidade de prejuízo ao feto parece remota.

* Categoria B: para este caso, há duas possibilidades: os estudos em reprodução animal não demonstraram risco fetal, embora não haja estudos controlados em mulheres grávidas; ou os estudos em reprodução animal demonstraram efeito adverso (não relacionado a diminuição da fertilidade) que não foi confirmado em estudos controlados em mulheres no primeiro trimestre de gravidez (e não há evidencia de risco nos demais trimestres).

* Categoria C: as possibilidades são: os estudos em animais revelaram efeitos adversos sobre o feto, e não há estudos controlados em mulheres; ou os estudos em mulheres e animais não estão disponíveis. Os fármacos classificados nesta categoria de risco devem ser empregados somente se o benefício potencial a mãe justificar o risco teórico ao feto.

* Categoria D: neste caso, há evidência positiva de risco sobre feto humano, mas os
benefícios do uso em mulheres grávidas podem ser aceitáveis, pois superam os danos,
por exemplo, se o fármaco e necessário em uma situação de ameaça a vida da mulher
gravida ou para uma doença grave em que fármacos mais seguros não possam ser
usados ou são ineficazes.

* Categoria X: estudos em animais ou humanos demonstraram anormalidades fetais ou ha evidencia de risco fetal baseado em experiência humana, ou ambos, e o risco de uso do fármaco em mulheres gravidas excede claramente qualquer possível benefício.

Farmácia Escola orienta gestantes

O fármaco e contraindicado em mulheres gravidas ou que possam engravidar no decorrer do tratamento. A Farmácia Escola Unioeste Farma dispõe de um serviço de orientação quanto ao uso racional de medicamentos, o qual tem por finalidade orientar seus usuários quanto à utilização correta de medicamentos e alertá-los sobre os possíveis riscos relacionados. Gestantes que quiserem informações sobre medicamentos também podem procurar as professoras farmacêuticas que atuam na Farmácia Escola. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 12h30 e das 13h30 às 20 horas. Informações também podem ser obtidas pelo ramal 3192 ou pelo e-mail farmaciaescola@unioeste.br

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