Nutrientes em ordem

Dieta ortomolecular conquista famosas como Marina Ruy Barbosa

Cada vez mais, as celebridades e também as pessoas comuns vêm utilizando e defendendo a dieta ortomolecular como uma boa maneira de permanecer em forma. Entre elas, uma das adeptas é a atriz Marina Ruy Barbosa, de 19 anos, que revelou à revista Corpo a Corpo, recentemente, que é assim que consegue manter suas medidas perfeitas (49 quilos distribuídos em 1 metro e 67 centímetros). Mas afinal, entre as muitas dietas da moda, o que faz da ortomolecular diferente das demais?

Para o médico nutrólogo Mussi Khalil, a palavra ortomolecular, que significa “molécula no lugar certo”, não representa uma especialidade da medicina e, sim, uma corrente de ideias e estudos que avaliam a composição bioquímica do corpo, para assim, prevenir doenças e equilibrar o organismo. “Em nosso metabolismo, as vitaminas, minerais e aminoácidos são fundamentais e esses componentes precisam ser ajustados para que o corpo funcione bem, não faltando ou estando em excesso. Os hormônios também são importantes para a boa saúde e, com a nutrologia e os princípios ortomoleculares, é possível regular o equilíbrio mineral, hormonal, orgânico e inorgânico do organismo. E, além deles, a presença de metais tóxicos e radicais livres também diz muito sobre a saúde de cada pessoa”, diz Khalil.

Para descobrir as necessidades bioquímicas e nutricionais de cada pessoa, o médico revela que faz uma análise durante a consulta, para avaliar o estilo de vida, histórico e sintomas do paciente. Depois, ele solicita diversos exames e, com base nos resultados, indica uma dieta adequada e a suplementação vitamínica. “Mesmo comendo os alimentos certos, pelas carências de solo, uso de agrotóxicos e outros problemas, podemos ter deficiência de algumas vitaminas e minerais e sofrer intoxicação por metais tóxicos. Por isso a importância dos exames e da orientação nutricional, a pessoa não consegue este equilíbrio metabólico sozinha”, esclarece o nutrólogo.

Rastreamento personalizado

O bioquímico Marcos Kozlowski, responsável técnico do Laboratório de Análises Clínicas (Lanac), diz que um simples exame de sangue ou urina já pode detectar se há excesso ou deficiência de determinadas vitaminas e minerais no organismo e, na presença de alguns sintomas, o médico pode solicitar exames mais específicos. “Os resultados desses exames são avaliados pelo médico, que, com eles, traça o tratamento ideal para o paciente, que pode ser feito por meio da suplementação ou tomando medidas para que o que estiver em excesso volte aos padrões normais. E isso é fundamental para a saúde e o bem-estar, pois a falta de vitaminas e minerais pode provocar dores de cabeça, depressão, fadiga, diarreias e até mesmo obesidade”.

Nesses exames, também é possível detectar o que não é bem aceito pelo organismo. “Quando ingerimos um determinado tipo de alimento nosso organismo pode desenvolver uma sensibilidade a ele. Saber quais são os alimentos problemáticos e eliminá-los da dieta diária, além de contribuir pra o emagrecimento, pode ajudar na redução ou mesmo na eliminação dos sintomas causados pela intolerância. E ainda existem exames que podem nos dar informações importantes, como nosso padrão genético”, diz Kozlowski.

Alerta dos especialistas

Apesar dos possíveis benefícios, de acordo com a nutricionista PhD em nutrição humana e professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Regina Maria Vilela, o conceito de medicina ortomolecular, que surgiu em 1968, após Linus Pauling relacionar algumas formas de doença mental a erros bioquímicos no corpo, ela não representa uma área da medicina. “A Medicina Ortomo,lecular não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como uma especialidade. Da mesma forma, o Conselho  Federal de Nutricionistas também não reconhece tal especialidade, pois não há trabalhos científicos que justifiquem o uso de megadoses de vitaminas ou minerais e outras substâncias, como antioxidantes encapsulados”, alerta.

Segundo ela, não há milagres, uma vez que os tratamentos para perder peso dependem de fatores como idade, sexo, altura, peso, atividade física e até aspectos emocionais. “Eu diria que o importante é entender que não existe dieta infalível e que é preciso procurar, em princípio, um médico e um nutricionista para uma avaliação. Esses profissionais também podem indicar outros, como o psicólogo. Nesse tratamento, é preciso um trabalho multiprofissional”.