Só elas sabem

Saiba quais são as queixas ginecológicas mais frequentes

Ser mulher não é nada simples, como bem sabemos. Falando apenas sob o aspecto biológico, todos os meses são tantas alterações fisiológicas e hormonais relacionadas à saúde íntima feminina, que, muitas vezes, fica difícil saber se um sintoma diferente é sinal de uma doença ou apenas um incômodo passageiro. Mas, nos consultórios dos médicos ginecologistas, algumas queixas são mais frequentes do que outras.

De acordo com o ginecologista e obstetra do Hospital Nossa Senhora das Graças Edison Luiz de Almeida Tizzot, entre as campeãs de reclamações por parte das mulheres, está a leucorreia, ou os corrimentos, como são mais conhecidos. “A leucorreia é a queixa mais comum entre as pacientes. Esses corrimentos podem ser apenas uma secreção normal, eliminada pelo organismo entre os ciclos menstruais, ou podem estar associados a doenças, com a presença de germes ou bactérias”.

Para diferenciar as secreções naturais de um corrimento, o médico alerta que outros sintomas devem ser observados, para serem relatados para seu ginecologista. “É preciso observar se esse corrimento tem cor, odor ou se também apresenta coceira, ardência ou desconforto. Esses sinais podem indicar uma infecção por fungos ou uma doença mais importante, que deve ser tratada pelo médico”, esclarece Tizzot.

Depois dos corrimentos, os sangramentos irregulares também chamam a atenção das mulheres. “Os escapes, ou sangramentos irregulares, podem ocorrer principalmente entre as mulheres que utilizam pílula ou DIU como métodos contraceptivos. Mas estes sangramentos podem mascarar uma patologia. Por isso, é indicado consultar um ginecologista, para confirmar se o sangramento está associado ao método anticoncepcional ou não”.

Segundo Tizzot, em terceiro lugar, estão as dores no baixo ventre. Essas dores podem ser cólicas menstruais simples ou estar relacionadas a inflamações, infecções ou, em casos mais graves, a doenças como a endometriose. “Hoje, é cada vez maior a incidência da endometriose entre as mulheres em idade reprodutiva. Isso acontece, entre outros fatores, porque elas têm menos filhos e mais ciclos menstruais durante a vida, sendo expostas aos hormônios por mais tempo”.

Mas, felizmente, segundo a médica ginecologista do Hospital Marcelino Champagnat Christiane Maria Ribas Berger, a endometriose tem tratamento. “A endometriose é um problema muito frequente. Mas, devido ao avanço nas pesquisas, pode ser totalmente controlada e tratada. Atualmente, essa doença não deve ser motivo de medo da impossibilidade de uma gravidez ou de falta de qualidade de vida”, observa.

Alterações hormonais também preocupam

Christiane também destaca que reclamações comuns, como as alterações hormonais, podem ser divididas de acordo com a faixa etária da paciente. “As adolescentes sofrem muito com irregularidades menstruais, com sangramento vaginal abundante e com problemas de pele como a oleosidade e a acne, que podem comprometer até mesmo aspectos sociais. Já as mulheres jovens ou adultas queixam-se do aumento no peso corpóreo e das alterações de humor. Na senilidade e na menopausa, as complicações são ósteometabólicas (como as fraturas) e também há sintomas relacionados ao trato urinário e situações cognitivas”.

E não são só as dores e corrimentos que geram preocupação. Disfunções sexuais são cada vez mais discutidas por médicos e suas pacientes. A ginecologista relata que, a cada dia, se tornam mais frequentes as queixas de mulheres referentes à diminuição da libido, e nem sempre os fatores emocionais são pontuados como os causadores. “Submeter-se a exames hormonais e um bom diálogo com o médico de confiança são as opções para prevenção. Há também tratamentos hormonais que auxiliam a libido”.

E, além destes problemas, segundo ela, a incontinência urinár,ia também incomoda bastante as pacientes. “A incontinência urinária não afeta somente as mulheres de idade mais avançada. Jovens também podem apresentar alguns sintomas relacionados ao trato urinário”.
Mas, para a médica, atualmente, o grande inimigo da saúde feminina é o estresse. “No ritmo em que vivemos, ter uma boa alimentação, fazer atividade física, evitar a obesidade, o acúmulo de gordura localizada (em braços, região posterior do tórax e pescoço) e cuidar do sistema cardiovascular é fundamental. Tudo está diretamente ou indiretamente relacionado ao bem-estar da mulher. A maneira como se vive, evitando o estresse, que, sem dúvida alguma, é o grande vilão, impacta na saúde da mulher”.