Sem tantos sintomas

Reposição hormonal ajuda a encarar melhor a menopausa

Com a chegada da menopausa, que é a última menstruação do período reprodutivo feminino, os ovários diminuem a produção dos hormônios estrogênio e progesterona e estas alterações podem fazer com que algumas mulheres sintam desconfortos como ondas de calor, insônia, fadiga, perda da libido, falta de lubrificação vaginal, enfraquecimento da pele e cabelos, porosidade dos ossos e até depressão. Para tratar estes sintomas e também prevenir doenças, em alguns casos, os médicos recomendam a terapia de reposição hormonal.

Segundo o médico ginecologista professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Arlindo Brun Junior, a reposição hormonal é um tratamento que já passou por polêmicas, mas, se bem indicado, pode trazer muitos benefícios para as pacientes. “Essa terapia só é indicada após uma avaliação completa do estado de saúde da paciente. Como o nome já indica, sua função é repor os hormônios que estão faltando, não receitar homônimos em excesso. Isto pode fazer com que a mulher tenha a diminuição dos sintomas da menopausa e viva melhor”.

O ginecologista explica que a reposição hormonal pode ser feita à base de estrogênio, progesterona, da combinação dos dois e até com o hormônio masculino testosterona. Quem determina qual hormônio será utilizado e em que forma ele será absorvido pelo organismo – se será por via oral ou transdérmica (adesivo, gel ou implante) – é o ginecologista que acompanha cada mulher.

“Juntos, médico e paciente decidirão ou não pela reposição hormonal. O tratamento apresenta melhores resultados se iniciado logo no primeiro ano após a última menstruação, devendo ser estendido pelo prazo máximo de cinco anos, com diminuição da gradativa dos hormônios utilizada. Como contraindicação, não pode passar pela reposição quem tem histórico de câncer de mama e endométrio, doenças cardíacas e hepáticas severas, tromboembolismo, sangramento vaginal anormal e o tabagismo”, alerta Brun Junior.

Apesar de a reposição hormonal ser defendida por muitos médicos e pacientes, um estudo publicado em 2002 pelo Women Health Initiative (WHI), que avaliou mais de 160 mil mulheres com idades entre 50 e 79, mostrou que esta terapia pode elevar os riscos de câncer de mama e de endométrio, infartos, derrames cerebrais e embolias pulmonares. Mas a pesquisa também verificou a diminuição de fraturas ósseas e da incidência de câncer no intestino. Estes resultados dividiram os médicos e trouxeram preocupações às mulheres. Para Brun Junior, “o problema com esta pesquisa foi a elevada dose de hormônios utilizada, fora dos padrões tradicionais e indicação para pacientes que já estavam na menopausa há muitos anos”.

Em busca de qualidade de vida

A gestora ambiental A.M.M., de 53 anos, é casada, tem três filhos, dois netos e sempre foi uma mulher ativa. Mas há cerca de um ano e meio vem sentindo as alterações que a queda da produção hormonal provoca. “Não sinto calorões ou outros problemas físicos, mas venho sentindo um desânimo muito grande. Sinto tristeza e não quero me entregar à ela”.

Em busca de saúde e disposição, ela foi até o posto de saúde perto de sua casa para agendar os exames e as consultas necessários para dar início ao tratamento de reposição hormonal. “Quero envelhecer com qualidade de vida, com ânimo para seguir com meu trabalho, para viajar e voltar a cuidar do meu jardim, que eu amo tanto. Sei que a reposição hormonal traz alguns riscos, mas acredito que as vantagens são maiores, quero muito iniciar meu tratamento”, conta.

A reposição hormonal pode ser feita sob orientação dos ginecologistas, em consultas particulares, pelos planos de saúde ou nos postos e hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a rede pública realiza este tratamento, quando há indicaç&at,ilde;o médica: “A mulher deve procurar o posto mais próximo de sua casa e conversar com os profissionais de saúde. Eles podem tirar dúvidas e agendar as consultas e exames necessários, que serão avaliados pelo médico que poderá indicar a reposição hormonal”.