Ética é fundamental

Atitudes antiéticas acabam prejudicando as empresas

Vivemos em uma época em que denúncias de favorecimento pessoal, assédio moral e outras condutas inadequadas que acontecem em ambientes públicos e privados passaram a ser cada vez mais frequentes. Muitos desses casos não são tão graves a ponto de chegarem aos tribunais, mas são extremamente danosos para as empresas, seus colaboradores e clientes. São os problemas relacionados à ética profissional, que trazem prejuízos econômicos, emocionais e à carreira dos envolvidos.

Segundo o Dicionário Michaelis, ética é a “parte da filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana, o conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão e a parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade”.

No ambiente de trabalho, é a ética que norteia o comportamento dos colaboradores, adequando as ações do profissional aos valores da empresa, para que exista respeito e harmonia nas relações entre os funcionários. Para a coach e diretora da Cannoh Desenvolvimento Humano Karina Reis, a ética profissional está ligada aos valores pessoais e às virtudes dos profissionais e das empresas. “Com a ética, fica claro o que é importante e como as coisas devem ser conduzidas. Ela é uma espécie de código para os seres humanos e as empresas”.

Marco André Lima
Para a coach Karina Reis a ética profissional está ligada aos valores pessoais.

Algumas profissões possuem seus próprios códigos de ética, como é o caso dos advogados, médicos, engenheiros e muitos mais. Já outras seguem o bom senso e o código de ética desenvolvido por cada empresa. E mesmo com a existência destas normas de conduta, os problemas relacionados à falta de ética no trabalho são comuns atualmente. Entre os comportamentos inaceitáveis, estão a fofoca, bullying, assédio moral e sexual, uso inadequado de recursos da empresa, quebra de sigilo, entre outras ações, que podem ser cometidas por funcionários dos mais diversos níveis da hierarquia empresarial.

Para que estes problemas deixem de existir, a coach diz que as pessoas deveriam pesquisar mais e pensar antes de assumir um emprego. “Muitas pessoas vão trabalhar em uma empresa preocupadas somente com o salário, sem pesquisar sobre quais são os valores desta empresa, o que ela prega e pratica. Depois de estarem empregadas, estas pessoas percebem que fizeram uma escolha errada e que seus valores não condizem com os da organização. Assim, elas podem passar a corromper ou serem corrompidas pelas práticas antiéticas”.

Resolvendo o assunto na Justiça

Ruim para os colaboradores, as atitudes antiéticas são ainda mais nocivas para as empresas. Elas podem prejudicar o clima organizacional, diminuir a produtividade, a harmonia entre os colaboradores, trazer prejuízos financeiros, render processos e ainda manchar a imagem das empresas junto a seus parceiros e clientes.

Como não é possível evitar que os problemas ocorram, a punição pode passar pelos processos na justiça. Segundo a advogada e presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná Míriam Klahold, de dez anos para cá, os processos por dano moral na justiça do trabalho passaram a ser cada vez mais comuns. “Eles vão desde casos de revista interna forçada, difamação, pressão para não engravidar, para atingir metas insuperáveis, demissões por justa causa arbitrárias, entre outros problemas, que são causados por má-fé e exageros das duas partes: empregados e empregadores”, observa.

Para se proteger, a advogada orienta que as empresas devem tomar cuidado com quem contratam, principalmente para os ,cargos de gerência e supervisão, afinal, os chefes devem ser exemplo para suas equipes. Internamente, elas devem tratar as questões com o apoio do departamento jurídico. Para trabalhador, a orientação é tentar resolver a questão com seu chefe ou superior, se não for possível, procurar um advogado antes de sair da empresa.