Apresentar um bom rendimento profissional depende, entre outros fatores, do ambiente onde o funcionário trabalha. Com condições adequadas e conforto, é possível desempenhar com eficiência as tarefas diárias, evitando dores, doenças e até mesmo afastamentos. E, para ajustar as condições de trabalho, ambientes, móveis e demais objetos, muitas empresas seguem conceitos baseados na ergonomia, que é um conjunto de estudos que visa organizar as relações entre homens e equipamentos de trabalho.
Estes estudos, combinados com as determinações da Norma Regulatória NR 17 – Ergonomia, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), verificam as “condições de trabalho, que incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho”.
Para o funcionário, estar atento às orientações de ergonomia pode fazer com que ele evite as doenças ocupacionais, problemas de visão, audição, de coluna ou ósseo-musculares, garantindo maior conforto e desempenho. Já para as empresas, oferecer condições ideais de trabalho pode garantir a produtividade de suas equipes, evitar as faltas, licenças médicas, gastos com treinamento de funcionários substitutos ou indenizações.
Segundo o médico do trabalho supervisor do Imtep, Humberto Nunes, a ergonomia e os avanços nas leis trabalhistas, na medicina do trabalho e na engenharia, ajudaram a consolidar o conceito de que o posto de trabalho deve se adequar ao trabalhador e não o contrário. “Em um escritório, por exemplo, os cuidados estão relacionados com as cadeiras, móveis, computador, teclados, telefone e outros objetos, além das condições de luz, som e temperatura”.
Mesmo com estes cuidados, de acordo com o médico, a postura inadequada ou o uso incorreto dos equipamentos ainda causam dores, doenças como Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT) e incapacidades. “Funcionários de escritórios, que trabalham em frente ao computador costumam ter lesões em membros superiores (punho, ombro e cotovelos) e na coluna (cervical e lombar), sendo estas as principais causas de afastamento entre estes profissionais”.
Para evitar complicações, Nunes recomenda que dores persistentes que não passam após oito semanas, devem ser investigadas. “Se o funcionário sentir dor, formigamentos ou desconforto, deve procurar um médico, pois se diagnosticada precocemente, estas dores não acabam se tornando motivos para cirurgias ou afastamentos que, dependendo do estágio da lesão, podem tirar o funcionário da função por até 90 dias”.
Ajuste-se!
Se você trabalha em um escritório, precisa estar atento a alguns ajustes que podem garantir seu bem-estar. Entre eles, é importante é saber regular sua cadeira. A fisioterapeuta e diretora técnica de A Laboral Ergonomia, Luciana Leuche, ensina que para ajustá-la você deve sentar-se sobre ela, apoiar as costas no encosto e verificar se seus pés encostam no chão. “Nesta posição, a pessoa deve sentar no centro da cadeira, com a coluna reta e os quadris alinhados. Já sentado, ajuste a altura e com os pés apoiados, verifique se sobram um ou dois centímetros entre a cadeira e a parte de trás dos joelhos. Esta folga garante a circulação correta de sangue para as pernas e os pés”. Para que a circulação seja ainda melhor, evitando varizes e outros problemas circulatórios, ela aconselha a utilização de um apoio para os pés.
Para quem fica o dia todo em frente ao computador, a fisioterapeuta orienta que o monitor fique em uma altura confortável: a parte superior do monitor deve ficar na altura dos olhos. E em algumas profissões, al&eacut,e;m do computador os colaboradores também utilizam o telefone durante boa parte do tempo. “Quem trabalha em callcenter ou em outros locais onde o uso do telefone junto com o teclado é superior a 20% do tempo, o ideal é utilizar um fone de ouvido para fazer as chamadas”.
Além destes, outros detalhes são importantes. “Em um ambiente de trabalho, a temperatura deve estar sempre entre 20 e 23 graus, umidade relativa do ar mínima de 40%, luminosidade de 500 lux e ruído sem ultrapassar os 60 decibéis”. Mas não é só isto. Para garantir o bem-estar dos colaboradores, os especialistas ainda recomendam cuidar da hidratação (com a ingestão de água durante o trabalho), participação nas aulas de ginástica laboral, prática regular de atividade física e o revezamento de funções ou posições entre os funcionários: quem trabalha sentado deve levantar algumas vezes (ou trabalhar em pé) e quem fica em pé precisa sentar de vez em quando.
