Sinal de alerta

Além de ser desconfortável, azia pode ser um sintoma de doença

Quem nunca ficou indisposta ou sentindo aquela queimação desconfortável após abusar de alimentos mais pesados ou gordurosos? Apesar de ser algo comum em algumas ocasiões, a ardência e a queimação na região do peito e garganta, sintomas da azia, não podem ser simplesmente ignoradas, principalmente por quem sente os sintomas com frequência.

Segundo o médico gastroenterologista do Hospital Vita Batel João Henrique Lima, a azia não é uma doença e sim um sinal de alerta, um sintoma de alguma enfermidade no organismo. “A azia pode ser sintoma da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), por exemplo, uma doença que faz com que o ácido gástrico do estômago passe para o esôfago e que acomete cerca de 15% da população mundial, com dois ou mais episódios de azia por semana. Mas além da DRGE, também pode ser sinal de outras doenças mais graves”.

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Assim, segundo o médico, é um equívoco acreditar que os sintomas são exclusivamente reflexos de uma alimentação inadequada. No organismo, a azia costuma ter causas diferentes, o que também influência a frequência com que se manifesta. “Nos casos eventuais, ela costuma se manifestar em situações de estresse, má alimentação e outras condições adversas. Já a azia frequente, que se estende por mais de oito semanas, é sinal de algum problema, que precisa ser investigado e tratado por um médico. E entre os fatores que contribuem com o aumento de casos de refluxo e azia, estão a obesidade e o sobrepeso, o fumo, a alimentação inadequada”, explica.

Quando um paciente apresenta azia, uma das primeiras providências dos médicos é solicitar um exame de endoscopia digestiva alta, que utiliza as imagens feitas com uma microcâmera no interior do estômago e esôfago para determinar se existem lesões como úlceras, gastrites e também hérnias de hiato. “Fazemos o diagnóstico apoiados no resultado da endoscopia e na análise do histórico clínico do paciente, avaliando também se seus hábitos e estilo de vida contribuem com o agravamento da doença e da azia”.

Após os exames, com o diagnóstico confirmado, o médico dá início ao tratamento que logo nos primeiros dias oferece alívio dos sintomas, com melhora já nas primeiras 48 horas após o começo do uso dos medicamentos. “Mesmo com uma melhora rápida, o tratamento não pode ser interrompido neste período. É preciso seguir com os remédios e demais cuidados, para tratar não só os sintomas, mas principalmente a inflamação e as demais causas da azia”.

Quando a azia e o refluxo são provocados por uma hérnia de hiato, uma cirurgia pode ser a solução mais apropriada. “A cirurgia é indicada quando a azia é muito frequente, quando os sintomas não melhoram com a medicação, quando há muita dor ou refluxo intenso. Nestes casos, após uma avaliação a cirurgia pode ser indicada para os pacientes que já tentaram outras formas de tratamento sem sucesso”.

Como evitar a azia

Para evitar ou amenizar os desconfortos provocados pela azia, algumas medidas simples podem incorporadas à rotina. Entre elas, está evitar o hábito de se deitar logo após ter feito uma refeição (o ideal é esperar ao menos duas horas), evitar utilizar remédios anti-inflamatórios, fazer várias refeições ao dia com porções menores de cada vez, não fumar, praticar atividades físicas com regularidade, evitar a obesidade e, principalmente, cuidar da alimentação.

Alimentos que podem causar azia

Segundo a nutricionista Andréa Barduco, os alimentos podem aliviar ou agravar os sintomas da azia. Assim, é preciso saber o que comer:

“Alguns alimentos que podem causar a ,azia são os refrigerantes, bebidas alcoólicas, alimentos que contenham cafeína como café, chá mate, chocolate, alimentos picantes ou gordurosos, leite integral e alguns derivados”, diz a nutricionista Andréa Barduco.

 

Alimentos que podem aliviar a azia

Já outros podem ser aliados na solução do problema. “Para equilibrar a produção e a concentração de ácido clorídrico estomacal e das enzimas essenciais para a digestão, podemos utilizar chás digestivos como de alecrim, hortelã, espinheira santa, melissa, camomila, boldo do Chile e maracujá”, aconselha a nutricionista Andréa Barduco.

Para ajudar no funcionamento do organismo, ela aconselha também utilizar alimentos alcalinos, que fazem com que o pH do sangue fique básico. “Na lista de alimentos alcalinos, estão o pepino, repolho, beterraba, cenoura, nabo, brócolis, couve-flor, entre outros. O limão é uma opção de alimento alcalino que funciona muito bem para melhorar a azia imediatamente, basta espremer meio limão num copo e tomá-lo”. Além deles, não devem faltar na alimentação diária as vitaminas que melhoram e fortalecem o crescimento da mucosa estomacal. “Nestes casos, é aconselhado consumir as vitaminas A, E, B12, C e o ácido fólico, encontrados nas frutas e hortaliças”, orienta Andréa.