Como tratar?

Queloide pode afetar a autoestima das mulheres

Quando sofremos uma lesão, é normal que em pouco tempo nosso corpo comece a produzir colágeno e novas células, buscando fechar a ferida e recuperar o local afetado. Em alguns casos, porém, esta cicatrização pode evoluir de forma exagerada e desordenada, resultando em marcas indesejadas na pele, como as cicatrizes e queloides.

Entre as complicações geradas pela cicatrização mal sucedida estão as cicatrizes inestéticas ou “feias”, as cicatrizes hipertróficas e os queloides, que acordo com o médico dermatologista, Lincoln Fabrício, costumam confundir os pacientes. “A cicatriz ‘feia’ é aquela que não tem contorno perfeito e desagrada por sua aparência, mas sem maiores complicações. Diferente dela, a cicatriz hipertrófica é mais alta e aparente, mas não ultrapassa o limite do corte e não tem relação com a herança genética do paciente”, explica. Já o queloide é um tipo de cicatriz tumoral que coça e dói. Ele cresce muito além do local da afetado pela lesão. “De cada 100 pacientes que chegam ao consultório, em média 99 apresentam má cicatrização e apenas um realmente tem queloide”, diz o dermatologista.

Sem prevenção

Comum em pessoas de pele morena, afrodescendentes, asiáticas e hispânicas, o queloide não pode ser prevenido, pois sua formação tem relação com fatores genéticos, étnicos e histórico familiar. Consequência da cicatrização excessiva em ferimentos causados por cirurgias, uso de piercings, acne, injeções, vacinas, arranhões ou qualquer outra lesão na pele, os queloides costumam trazer transtornos, principalmente em relação à autoestima. “O fator psicológico é muito importante, principalmente entre as mulheres. Quem tem queloide fica constrangida, sente vergonha da lesão e busca esconder a cicatriz. Além disto, há dor e coceira, ambas são muito desagradáveis”, afirma o dermatologista.

O medo de desenvolver um queloide acompanha quem se machuca ou quem faz uma cirurgia. Este é o caso da estudante de pedagogia Patrícia Stacholski Ribeiro, 29. Ela passou recentemente por uma mamoplastia redutora e hoje, ainda com os pontos, está apreensiva. “Estou no período de cicatrização, meus cortes ainda estão com a casquinha e sei que se o queloide aparecer será em uma fase mais avançada da cicatrização. Nunca tive queloide, mas com minha pele é morena gostaria de ter 100% de certeza que não vou desenvolver um”, diz.

Patrícia conta que quase desistiu da cirurgia por causa da cicatriz que ela poderia provocar. “Perguntei para o médico sobre o assunto e ele disse que não é possível determinar com precisão quem terá queloide. Segundo ele, não ter outras cicatrizes e histórico familiar reduzem minhas chances de apresentar o problema. Mas meu medo é pelo tamanho do corte, que no meu caso foi bem grande. Apesar das dúvidas, coloquei na balança os prós e os contras e optei em operar”, conta.

Cirurgia é indicada pra casos mais sérios

O cirurgião plástico Alderson Luiz Pacheco explica que a cicatriz costuma se desenvolver com maior frequência em algumas regiões especificas. “O queloide é mais comum nas regiões peitoral e do externo, nos ombros e nas orelhas. Ele também pode atingir outras partes do corpo, mas isto acontece em menor proporção”, diz. O diagnóstico é feito com a avaliação da aparência da cicatriz, que costuma ter cor avermelhada e grande volume de um tecido mais denso. Em alguns casos, o médico pode solicitar uma biópsia da pele para descartar a existência de outros tipos de lesões ou tumores.

Como não regridem espontaneamente, as cicatrizes do queloide podem ser tratadas com o uso de p,lacas de silicone que hidratam o local, injeções locais com corticoides, pressão na área para reduzir o fluxo sanguíneo e, em casos mais sérios, uma cirurgia para extrair o queloide. “A cirurgia é indicada apenas em alguns casos, pois o queloide tem tendência a piorar ou voltar no mesmo local. Retirar totalmente o queloide também não resolve. É necessário aplicar uma técnica que preserva suas margens. Isto evita que a pele saudável em volta da lesão passe a produzir colágeno de forma exagerada, criando um novo queloide”, observa.

Logo após a cirurgia de extração, o médico recomenda iniciar o tratamento com betaterapia (radioterapia de baixa frequência) ou com acelerador linear de elétrons, para melhorar e acelerar a recuperação da pele. Com estes procedimentos, os casos de reincidência reduziram. Pacheco afirma que o índice passou de 80% para 20%, mas mesmo assim, o problema ainda é considerado de difícil cura e tratamento.

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