Mercado bem dividido

Mulheres já representam 49,3% do mercado de trabalho brasileiro

Elas estão presentes nos mais variados setores da economia, atuando em funções que vão desde auxiliares aos postos de liderança e chefia. Seja na indústria, comércio ou na prestação de serviços públicos e privados, a presença feminina é cada vez mais evidente. Segundo dados do relatório do Panorama Laboral da América Latina e do Caribe 2013, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres representam 49,3% do mercado de trabalho brasileiro. Na América Latina, a taxa de atuação feminina é ainda maior, alcançando a marca de 50% entre os trabalhadores ativos.

E é fácil constatar que estes números mostram a realidade. O bioquímico e diretor do Laboratório de Análise Clínicas Lanac, Marcos Kozlowski, conta que sua equipe é composta basicamente por mulheres. “Elas são 90% da força de trabalho no laboratório. Na área da saúde, elas se destacam pela identificação que têm com as tarefas e por habilidades como sensibilidade, flexibilidade e atenção, que fazem delas profissionais diferenciadas”, comenta.

Para Kozlowski, no momento da contratação, o sexo do candidato não é fator decisivo, o que conta são as competências profissionais e o perfil da vaga. Sobre gerenciar uma equipe formada por muitas mulheres, o diretor afirma que existem muitas vantagens, mas também alguns pontos críticos. “Trabalhar em um ambiente quase que exclusivamente feminino é diferente do tradicional. As mulheres são dedicadas e aceitam bem as orientações dos gestores, tendo uma boa comunicação entre elas e com os clientes. O lado negativo são as alterações de humor, principalmente devido aos fatores biológicos e às eventuais fofocas que possam surgir, mas nada disso faz com que o trabalho delas seja comprometido. Elas são eficientes como funcionárias”.

Outro aspecto que influencia a carreira das mulheres é a necessidade de aliar o trabalho à vida pessoal, já que hoje para a maioria das mulheres, trabalhar não é mais uma escolha e sim uma obrigação. “Preocupações com filhos e relacionamento são mais visíveis entre elas. Neste sentido, é preciso ter cuidado para que os problemas externos não afetem o trabalho”, conclui o diretor do laboratório.

Rotina puxada

Mas preocupações com o trabalho são apenas um dos componentes da conturbada rotina feminina moderna. Mesmo com a nova dinâmica de mercado e a participação cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho, elas continuam acumulando outras várias responsabilidades. Além de funcionárias, gerentes e diretoras, elas também são mães e esposas, que precisam cuidar dos filhos e da casa.

Conseguir conciliar todas essas atribuições sem perder o pique é tarefa difícil. Mas não para Daniele Guimarães Cerqueira, bioquímica com 20 anos de atuação – cinco deles no Lanac. O dia dela começa cedo. Chega ao laboratório às 8h, mas antes deixa o filho de oito anos na escola, rotina que se repete desde quando ele tinha apenas quatro meses. “É quase um trabalho para ele também, já que começou na escolinha logo cedo”, brinca.

Na hora do almoço, tempo usado por muitos para um cochilo breve, nada de descanso. Daniele aproveita o período para ir à academia. Depois de malhar, volta ao trabalho e às 18h, quando deixa o Lanac, ainda busca o filho na escola. “A rotina é bastante puxada, mas a gente acostuma. Apesar de chegar em casa muito cansada, estou muito satisfeita”, afirma.

Cumprir a extensa programação diariamente fica mais fácil com o auxílio externo. Nas tarefas do lar, Daniele conta com o apoio do marido. E admite: não gosta de ficar na cozinha. “Essa parte de fazer comida fica por conta dele. É bom ter essa divisã,o”. O convívio com outras mulheres também auxilia a enfrentar as dificuldades. “Boa parte delas vive da mesma forma que eu, tem os mesmos problemas. Então, esse relacionamento acaba sendo bom”, revela.

Com mais estudo e dedicação

A coach e diretora da Potencial Desenvolvimento Humano Melissa Camargo Kotozski conta que o aumento no número de mulheres não está restrito às vagas de trabalho, “elas também têm lotado cada vez mais as salas de aulas de cursos técnicos, de graduação e pós-graduação. Esse investimento e dedicação deve se refletir nas empresas gradualmente, fazendo com que elas consigam melhores cargos e salários”.

Para se destacar profissionalmente, a coach recomenda que as mulheres busquem conhecimento técnico e comportamental, sem esquecer de usar a sensibilidade, o foco ou sem querer ser perfeita em tudo. “Estar 100% presente no que está fazendo é muito importante. Se estiver tratando de um assunto profissional, foque em seu objetivo. Quando estiver em casa, com a família, a atenção deve ser deles. Faça o que estiver dentro de suas possibilidades e trabalhe com a ajuda de parceiros. Isto evita o sofrimento causado pela auto cobrança excessiva”, diz Melissa.

Para a especialista, a crescente atuação da mulher no mercado ainda tem muito espaço para se expandir, seja com as ambiciosas jovens da geração Y e Z ou com as mulheres mais maduras e experientes. “Elas podem alcançar tudo o que desejarem, inclusive o sucesso. Sucesso é conciliar todas as atividades com prazer, alegria e satisfação”, finaliza.

Colaborou: Lucas de Vitta