Mulheres devem ficar atentas aos sinais da anemia

Fraqueza, dor de cabeça, tontura, palidez, irritabilidade, indisposição, queda de cabelo, enfraquecimento das unhas. Muitas vezes não damos a devida atenção a esses sintomas, mas eles podem ser sinais de que alguma coisa está errada em nosso organismo. Um dos principais distúrbios que podem estar relacionados a esses sintomas é a anemia. Mulheres devem dar ainda mais atenção a eles, pois têm mais predisposição a ter esse tipo de problema.

De acordo com a médica hematologista do Hospital de Clínicas (HC), Larissa Alessandra Medeiros, até 25% das mulheres em idade fértil podem sofrer com esse distúrbio. Essa maior prevalência se dá devido a características específicas do organismo feminino. “Na maioria dos casos, a anemia acontece devido a uma deficiência de ferro no sangue. No sexo feminino, isso ocorre com mais frequência por causa do sangramento menstrual mensal, muitas vezes excessivo, principalmente em mulheres jovens, quando há irregularidade no ciclo”, afirma.

Outras situações em que as mulheres correm mais riscos de desenvolver esse distúrbio são no parto e no período pré-menopausa. “Com esses sangramentos, as mulheres perdem parte de sua reserva de ferro e, mesmo com alimentação rica neste mineral, não conseguem equilibrar essa perda. Isso também acontece durante a gestação, quando há um gasto maior por causa do feto”, comenta Larissa. Problemas ginecológicos mais sérios, como o mioma, também podem ser a causa da anemia. Por isso, os médicos orientam a realização de consultas regulares e exames preventivos.

Para evitar uma anemia por deficiência de ferro no sangue, basta adquirir o hábito de uma alimentação rica neste mineral. “Carne vermelha, feijão e vegetais folhosos verdes são os melhores alimentos para garantir a quantidade necessária de ferro no sangue. Para melhorar a absorção, ainda recomenda-se a ingestão de sucos cítricos junto, pois eles fazem com que o organismo consiga absorver melhor esse nutriente. Também é mais adequado evitar o consumo com queijo e molho branco porque eles dificultam a absorção”, orienta a médica.

Já o tratamento é feito com suplementação do ferro, que deve ser acompanhada por um médico, pois uma quantidade excessiva desta substância no organismo também pode trazer transtornos. O sulfato ferroso, medicamento normalmente utilizado para combater a anemia, é disponibilizado gratuitamente na rede pública de saúde.

Outros casos

Segundo o médico nefrologista do Hospital Vita Curitiba, Ricardo Benvenutti, existem outros tipos de anemia. “Os casos de falta de ferro devem chegar a quase 90%, mas também existem anemias causadas por deficiência de vitamina B12, tumores, doenças renais e predisposição genética”, explica. Muitas vezes é necessária a utilização de outro tipos de medicamentos ou até intervenções mais drásticas para solucionar o problema, como transfusões de sangue.

Independente de qual seja a causa, os principais sintomas são os mesmos, pois a principal consequência é a mesma, a deficiência de glóbulos vermelhos no sangue, responsáveis pelo carregamento do oxigênio nos tecidos. “Pode ser que haja outros sinais relacionados às doenças que estão causando esse distúrbio, mas os mais característicos da anemia propriamente dita são os mesmos”, afirma. O diagnóstico também é feito por meio de consulta clínica e exames complementares, como o hemograma.

O diagnóstico da anemia pode servir de alerta para outras questões relacionadas à saúde. “Este distúrbio pode estar associado também a várias outras doenças, como o câncer de cólon, podendo ser o primeiro sinal de que alguma ,coisa vai mal no organismo. A anemia deve ser tratada como um assunto sério, pois pode trazer consequências importantes, como uma sobrecarga cardiovascular devido a uma interferência na oxigenação de órgãos-alvo, como coração e cérebro, além de um quadro de fraqueza e indisposição constante”, revela Larissa. A médica só faz uma ressalva. “Existe uma crendice popular de que a anemia não tratada evolui para a leucemia, mas isso não é verdade”.