Qualidades invejáveis para chegar ao topo da carreira

Quais são as habilidades necessárias para que uma mulher chegue aos cargos mais altos da hierarquia de uma empresa? Na semana passada, contamos aqui no TDelas algumas histórias de profissionais bem-sucedidas que estão em posição de chefia, dando algumas pistas sobre essas qualidades inerentes ao sexo feminino que podem ser utilizadas em um projeto de ascensão na carreira. No entanto, existem especialistas que se dedicam quase exclusivamente à investigação desses dados, analisando características do sexo feminino que podem servir para quem planeja se destacar na empresa em que trabalha, ocupando cargos de coordenação, gerência, diretoria ou até presidência.

Além de mostrar o caminho que deve ser seguido por quem almeja uma dessas posições, essas pesquisas também ajudam a desmistificar algumas questões que ainda fazem parte do imaginário popular no mercado de trabalho. Ou seja, elas mostram que as mulheres são capazes de chegar ao topo da hierarquia de uma empresa sim e que, para isso, não precisam abrir mão de ter uma família, marido e filhos, ou ainda fazer outros sacrifícios que não são exigidos aos homens. Uma das principais pesquisas neste sentido foi realizada já há algum tempo, em 2007, pela empresa Caliper do Brasil, mas traz dados atemporais que podem ajudar quem tem este objetivo.

‘A partir das descobertas realizadas com uma pesquisa da própria Caliper com mulheres executivas dos Estados Unidos e do Reino Unido, surgiu a ideia de desenvolver algo semelhante aqui no Brasil porque achamos que seria interessante divulgar essas informações para a população feminina e incentivar as mulheres a conquistar seu espaço‘, comenta o coach e diretor da Caliper, José Geraldo Recchia. A pesquisa mostra, por exemplo, que a grande maioria (65%) das executivas consultadas na época eram casadas e que mais ainda tinham filho (72%). Isso mostra que as mulheres podem conciliar a família e a carreira sim.

Além disso, a pesquisa já mostrava que, cada vez mais, há um equilíbrio maior nos mais altos níveis de hierarquia. ‘As mulheres estão muito presentes na base da pirâmide hierárquica de comando, como em cargos de supervisão ou coordenação, mais até do que os homens. Dali para cima, nos cargos de gerente, diretor, vice-presidente e presidente, o número de mulheres ainda é menor do que o dos homens, mas, acompanhando outras pesquisas realizadas desde que a nossa foi publicada, podemos observar que há uma tendência, a médio prazo, de que as mulheres ocupem passem a ocupar mais esses outros cargos também. Não tem espaço para retrocesso‘, afirma.

Superando os obstáculos

É claro que ainda existem algumas barreiras para que as mulheres alcancem esses postos com mais facilidade, mas a pesquisa mostra que, usando algumas de suas habilidades inatas, as mulheres podem ter ainda mais sucesso do que os homens nos processos de gestão. Em relação aos obstáculos, Recchia destaca o estereótipo baseado nas diferenças de gênero, a exclusão das mulheres de uma rede de relacionamentos informais já estabelecida e a ausência de modelos para imitar. ‘Esta última situação acontece porque qualquer profissional procurar imitar seu superior de alguma forma, mas, no caso das mulheres, os superiores são só homens‘, explica.

Entre as características que fazem com que as mulheres se destaquem mais nos processos de gestão, o coach cita várias. ‘Diferente dos homens, que se preocupam mais com o resultado em si, elas, apesar de também terem essa preocupação, envolvem mais a equipe na tomada de decisão, fazem com que a equipe se sinta valorizada, o que a motiva mais, e são mais sociáveis e flexíveis‘, destaca. A coach e sócia da empresa Tekoare, Ana Artigas, que também colaborou com a pesquisa na época, ainda cita ‘a comunicação, a persuasão, a firmeza e a precisão‘ como outras qualidades femininas.

No entanto, ela afirma que algumas afirmaç&otilde,;es tidas como verdadeiras anteriormente não passam de mitos. ‘Muita gente diz que as mulheres são detalhistas, mas existem muitos homens que o são ainda mais, escolhendo, inclusive, a área financeira por causa disso. O que acontece é que muitas habilidades interessantes para gestores não são características de um gênero ou outro, mas sim da formação da personalidade do próprio indivíduo‘, opina. Ela garante, entretanto, que as mulheres têm um nível de força de ego muito elevado, ‘elas agüentam muito a pressão‘.

O maior problema enfrentado pelas mulheres, portanto, é mesmo a dificuldade de chegar a esses níveis mais elevados da hierarquia. Para isso, elas têm investido cada vez mais em sua própria qualificação, segundo Recchia. Outro elemento que pode ajudar é o apoio do cônjuge. ‘Qualquer profissional que esteja em um cargo desses, trabalha muito, pelo menos dez horas por dia, e também tem muitas viagens e reuniões. Neste caso, para que a mulher possa dar conta de tudo isso, o marido precisa assumir algumas funções, como cuidar de algumas tarefas domésticas, e também deixar o ciúme de lado‘, garante.