É possível ter o próprio negócio após a maternidade

Como mostramos na semana passada, o número de mulheres empreendedoras tem crescido cada vez mais. Neste sentido, a natureza feminina se mostra quase como “uma vantagem comparativa”. A capacidade de gerar vidas, direcionada ao desenvolvimento de um empreendimento, se apresenta como uma força incomum no mundo empresarial. Quem já se arriscou revela o segredo do sucesso para as futuras empreendedoras.

A empresária, fotógrafa, colaboradora do projeto Maternarum (de apoio ao empreendedorismo materno) e criadora do blog Dias de Mamis, Laiz Zotovici Martins, 33 anos, garante que antes do nascimento do primeiro filho, Antônio, de 3 anos, não acumulava tantas realizações. Em vez de atrapalhar sonhos e projetos, a maternidade impulsionou Laiz a deixar um bom emprego, em uma grande editora, para se aventurar nessa empreitada.

A decisão veio com o fim da licença-maternidade. “Não esperava deixar meu trabalho, embora ele não me realizasse. Só que na empresa, a licença era só de quatro meses e, com o fim dela, percebi que a necessidade de amamentar o meu filho, acompanhar a educação e o desenvolvimento dele só poderia ser atendida se eu criasse coragem de gerir um negócio próprio”, explica. De tratadora de fotos nas horas vagas, ela virou sócia do marido na empresa UV Studio Fotográfico.

Ela reconhece que sentiu medo no começo, até porque a renda familiar caiu inicialmente, mas após quatro anos, diz que o faturamento da empresa triplicou e já consegue ter uma remuneração (pro labore) acima do salário na editora. “Trabalho muito mais e em horários nada convencionais, mas essa flexibilidade me permite gerenciar a educação do meu filho, além de ampliar minha capacidade de trabalho, pois precisamos fazer de tudo quando somos donos da empresa, cafezinho para receber os clientes, administração do caixa, passando pelo serviço que oferecemos”.

Multiplicando forças

A consultora de comunicação e marketing com ênfase em empreendedorismo, Jaqueline Pereira, dá dicas preciosas para fazer um negócio próprio dar certo, aproveitando o lema dos 4 ps – produto (ou serviço), preço, praça e promoção. Não basta apenas oferecer o que você faz de melhor, é necessário adequá-lo às necessidades do mercado. “Você precisa ter o melhor produto ou serviço para o cliente que você quer atender”, orienta. Assim, o empreendedor descobre nichos que o mercado ainda não explorou.

O preço do produto é calculado com base no custo do produto, incluindo o valor da hora de trabalho do empreendedor e a margem de lucro que aquele setor costuma ter. Para quem não tem experiência contábil, vale pedir ajuda a organizações como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A consultora também orienta as assalariadas que querem abrir uma empresa. “Façam um planejamento financeiro enquanto estão empregadas, pois mesmo que o negócio dê certo, leva-se de dez meses a um ano e meio para se ter um fluxo de caixa que permita fazer retiradas”.

No que envolve o terceiro e quarto “ps”, Jaqueline revela que, em tempos de novas tecnologias e da cultura colaborativa, “pulo do gato” é o coworking (espaços de trabalho compartilhados). “É uma forma econômica de ter um espaço para receber clientes e, ao mesmo tempo, desfrutar dos possíveis contatos feitos em um espaço de convivência entre vários profissionais”, aponta. Desta forma, novos clientes e parcerias podem surgir para poder suprir o próprio cliente de outras demandas que venham surgir.

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