Saiba como espantar o desânimo no trabalho

Quem nunca se sentiu desanimada com o trabalho em algum momento? Apesar de parecer um sinal de que algo está errado, especialistas afirmam que essa sensação é normal, desde que não seja constante e não atrapalhe seu desempenho, pois a oscilação de humor faz parte da natureza humana. Neste caso, as atividades de lazer e as férias são elementos essenciais para fazer com que o desânimo não apareça, afinal, todo mundo precisa fugir um pouco da rotina. Mas, se ele persiste mesmo assim, pode ser um sinal de que algo está errado sim.

Para o professor do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Ulisses Natal (foto), todo profissional tem altos e baixos na carreira, podendo sofrer com o desânimo em algum momento. “Isso acontece com todo mundo. Um dia, você está satisfeito com o trabalho. De repente, acontece alguma coisa e bate o desânimo. Esse conflito é próprio do ser humano, principalmente pelo ritmo de vida que temos atualmente – de casa para o trabalho, do trabalho para casa”, explica.

É certo que é muito difícil encontrar situações ideais no trabalho em 100% do tempo, pois sempre vai ter alguma coisa que nos incomoda, já que “a insatisfação está presente em qualquer ser humano”, como afirma Natal. Mas, para evitar o descontentamento constante, ele sugere que todo profissional busque atividades fora do trabalho. “Muitas vezes, não temos essa possibilidade devido ao contexto da cidade grande, mas precisamos nos organizar para ter mais momentos de lazer, pois isso ajuda a lidar com as frustrações do trabalho”, orienta.

A professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Elaine Schmitt Ragnini, alerta para outra possibilidade a respeito desse “fenômeno”. Para ela, o desânimo também pode ser fruto do acúmulo de atividades e responsabilidades que acontece com o tempo. “Em relação a esse estado, tem duas coisas que podemos pensar: essa sensação pode ser biológica ou psíquica, podendo estar ainda interligados, pois o trabalho pode causar exaustão nesses dois aspectos. Essa sensação não chega a ser estresse, mas uma estafa muito grande, que causa mal-estar e incômodo”.

Desta forma, o desânimo não é necessariamente sinônimo de insatisfação, mas apenas um sintoma do cansaço. Neste sentido, as férias podem ser uma boa solução para, se não acabar com o desânimo de uma vez, pelo menos amenizar essa sensação. “As férias são importantes para que o corpo descanse e também para alimentar a alma, pois todo mundo precisa de oportunidades para fazer coisas diferentes, nem que seja trabalhar em outras atividades, fazendo ‘bicos’ para incrementar a renda”, avalia.

A professora do curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Maria Sara de Lima Dias, concorda. “Os profissionais que desempenham atividades muito repetitivas e rotineiras precisam de momentos de lazer e relaxamento, às vezes, até maiores do que o tradicional período de férias, que normalmente dura um mês. Esse tempo é necessário para a recuperação física e emocional. Mas, para que as férias deem resultado, é preciso ainda que essas pessoas se organizem para que esse momento não seja estressante também”, aconselha.

Por sua vez, Natal também afirma que é preciso ter controle antes e depois das férias para que o desânimo não atrapalhe suas atividades. “No período pré-férias, é comum agirmos como em uma semana com feriado. Parece que o tempo demora mais para passar e que estamos mais cansados do que o normal. Ao mesmo tempo, as responsabilidades são maiores porque temos que deixar tudo organizado. Por outro lado, quando voltamos, o que incomoda é o retorno à rotina, não necessariamente ao trabalho. Se for em relação ao trabalho, tem algo errado”, comenta.

Nesse caso, ele orienta que o profissional faça uma avaliação a respeito do que est&a,acute; acontecendo. “É preciso identificar o que traz satisfação e prazer naquilo que realizamos, resgatando o significado da atividade que realizamos. Muitas vezes, há um descompasso entre o que gostaríamos e o que de fato temos na carreira. Então, precisamos refletir qual a distância entre as duas coisas e como alcançar o que queremos. Senão, ficamos trabalhando mecanicamente apenas”, recomenda.

Maria Sara ainda dá outras sugestões para evitar o desânimo, como ser mais tolerante consigo mesmo e com os outros, aceitar seus erros, aprender a dizer não, impor limites. Essas orientações servem principalmente para as mulheres, que sofrem mais. “A mulher tem um padrão de comportamento de cuidar dos outros e não sabe relaxar e aproveitar os momentos que tem para cuidar de si mesma. O homem suporta mais o excesso de trabalho porque sabe que tem alguém para cuidar da casa e dos filhos. É claro que isso está mudando, os homens estão assumindo algumas atividades domésticas, mas as mulheres precisam aprender a distribuir tarefas porque isso interfere no trabalho”.

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