Rinite é um mal que chega com o outono

É só os dias frios chegarem e os casacos, guardados há um tempão, saírem dos armários para que a temporada de espirros comece. Para quem tem rinite, o outono é uma das piores épocas do ano, pois a estação é bastante propícia para as manifestações desta doença, (quase) esquecida completamente durante o verão, devido às variações climáticas e ao maior contato com ácaros.

Os sintomas ainda incluem obstrução nasal, coriza e coceira e, quando aparecem somente neste período do ano e/ou na primavera, são um indicativo de que o paciente sofre de rinite alérgica sazonal. Esta, entretanto, é apenas uma das variações da doença, que se dá devido a uma inflamação da mucosa nasal, aguda ou crônica. De acordo com o chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital da Cruz Vermelha, Antonio Celso Nassif Filho, a rinite alérgica, mais comum, principalmente em Curitiba, onde há mais variações climáticas, também pode ser perene, durando o ano inteiro.

Há ainda a rinite vasomotora e a hormonal, que atingem mais as mulheres (leia abaixo), entre outras. Mas, independente do tipo de rinite que o paciente tenha, ela prejudica (e muito) sua qualidade de vida. Segundo o médico do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), Odin Amaral Neto, embora apresente manifestações de pequena gravidade, a rinite está entre as dez razões mais frequentes de atendimento em Atenção Primária à Saúde.

“O sintoma da congestão nasal dificulta a respiração, podendo diminuir a qualidade do sono noturno. Além disso, a doença também interfere no período produtivo das pessoas, causando prejuízos devido a faltas no trabalho e na escola”, afirma. A advogada Katiana Mores, 36 anos, já sofreu muito com os sintomas da rinite. “Com as crises, vem o cansaço, mal-estar, sensação febril, dor de garganta e dor de cabeça. Agora, estou sem crises há 40 dias por causa de um tratamento novo e é impressionante a diferença, me sinto outra pessoa”, conta.

Associação a outras doenças

No entanto, antes de saber que tinha rinite, ela tratava a doença como se fosse gripe. De acordo com Amaral Neto, é comum confundir a rinite com outras doenças, quando os sintomas são muito parecidos. “Ela pode ser confundida ou mesmo estar associada a corpos estranhos e pólipos nasais ou variações anatômicas estruturais, como desvio de septo”, explica. Somente quando a rinite é acompanhada de outro elemento é que há necessidade de intervenção cirúrgica.

“Muita gente fala que melhorou da rinite depois de uma cirurgia. Na verdade, não existe cirurgia para isso, apenas para desvio de septo ou hipertrofia de cornetos, que são bolsas que ficam inchadas com a rinite, chamadas vulgarmente de carne esponjosa. Assim, o paciente passa a respirar melhor e acha que houve uma melhora na rinite”, comenta. O tratamento é feito com medicamentos para alívio dos sintomas, antialérgicos, corticóides nasais ou imunoterapia (vacinas).

Este último é o caso da auxiliar administrativa Mirian Buccini, 29 anos. “Estou no terceiro de cinco anos de tratamento com vacina, que tomo todos os dias, e as crises diminuíram bastante, só no outono mesmo que não tem como evitar”, conta. Não há cura para a rinite alérgica. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a imunoterapia específica é a única modalidade terapêutica capaz de alterar o curso natural da doença alérgica”, afirma Amaral Neto.

Hormônios agravam os sintomas

Nos casos de rinite alérgica, não há diferenças entre os organismos das mulheres e dos homens, mas os hormônios femininos fazem com que elas tenham mais pro,pensão a desenvolver outros tipos da doença. “O estrogênio e a progesterona podem causar a rinite hormonal, já que a variação dos hormônios provoca um edema da mucosa nasal”, explica Amaral Neto. Os sintomas são os mesmos dos outros tipos de rinite.

Já a rinite vasomotora, causada principalmente pela variação climática quando ocorre o processo de inversão térmica, pode ser piorada com a utilização de anticoncepcionais, que contêm hormônios sintéticos. “Esses medicamentos causam uma vasodilatação, que deixa o nariz mais carregado, obstruído, com secreção”. Esse tipo de rinite ainda pode ser provocado por fatores emocionais, segundo Nassif Filho. Este é outro motivo que faz com que as mulheres estejam mais vulneráveis, pois são mais emotivas.

Em relação à prevenção da doença em mulheres, Nassif Filho ainda alerta para a utilização de produtos industrializados que podem piorar a rinite alérgica. “Muitas tinturas para cabelos podem desencadear um processo alérgico, assim como outros produtos de beleza e higiene, além daqueles que são usadas na limpeza da casa”, comenta. Amaral Neto também recomenda que haja atenção especial às grávidas. “Algumas medicações devem ser utilizadas com cautela devido ao risco de malformação fetal”. A rinite atinge todas as faixas etárias, independente de o paciente ser homem ou mulher.

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