HPV: um vírus bastante perigoso e cancerígeno

HPV. Em seu sentido literal, essas três letras significam human papillomavirus (expressão em inglês para papiloma vírus humano). No entanto, em um âmbito mais amplo, o termo representa o perigo do desenvolvimento de um câncer de colo de útero. Apesar de existirem mais de 200 tipos, seis deles, conhecidos pelos números 16, 18, 31, 33, 45 e 58, oferecem sim o risco de evolução para o câncer.

Os demais podem causar problemas mais simples, como verrugas genitais, ou até nenhum dano à saúde. Mesmo que a evolução para o câncer não seja tão representativa em termos estatísticos, a prevenção é muito importante. “Em países onde a vacina é fornecida pelo governo, como na Holanda, já existem estudos que comprovam que ela reduz em 40% a formação de câncer de colo de útero, havendo também diminuição dos casos de verrugas”, informa a médica ginecologista Ana Luiza Gutierrez.

No Brasil, a vacina ainda não está disponível gratuitamente nas unidades de saúde. “Aqui, ela não é tão disseminada quanto outras vacinas, provavelmente devido ao preço, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que ela seja oferecida no sistema público de saúde devido aos seus resultados”, comenta o médico ginecologista do Hospital Pilar, Marcos Vinicius Chiaretto. A vacina deve ser tomada, de preferência, até os 25 anos, quando as mulheres ainda não tiveram tanto contato com o vírus.

Existem dois tipos de vacinas, a bivalente e a tetravalente, que protegem contra dois e quatro tipos de vírus e custam R$ 200 e R$ 350 a dose, respectivamente. Em ambas, é necessário tomar três doses em até seis meses. Outras formas de prevenção são uso do preservativo, não promiscuidade sexual e realização de exames ginecológicos de rotina. O diagnóstico pode ser difícil, pois a contaminação pelo vírus é assintomática no início.

Os sintomas aparecem somente quando a contaminação já está mais avançada. “Quando há verrugas, pode haver sangramento fora do ciclo menstrual, principalmente pós-relação sexual, mas as lesões são visíveis em consultas clínicas. É muito raro encontrar câncer em um diagnóstico inicial, a não ser quando a mulher não faz os exames de rotina. O mais comum é acontecer quando ela já tem alteração pré-câncer por muitos anos”, explica Ana Luiza. O tratamento é feito com pomadas, intervenções cirúrgicas simples (cauterização química, eletrocauterização, criocauterização, a laser) ou operações mais elaboradas, no caso de câncer.

Só as aventureiras têm?

O assunto já foi tratado até na televisão. Na primeira temporada da série Girls, exibida pelo canal a cabo HBO no ano passado, a personagem principal, Hannah, descobre, por meio de um exame, que foi contaminada pelo vírus. Para tranquilizá-la, uma de suas amigas, Shoshanna, conta que sua prima Jessa “tem algumas variedades disso” e que “ela diz que todas as mulheres aventureiras têm”.

Os médicos concordam, de certa forma, com a afirmação. “Estatisticamente, está comprovado que 50% a 80% das mulheres com vida sexual ativa serão contaminadas, mas não necessariamente haverá desenvolvimento de alguma doença”, explica Chiaretto. “A contaminação pelo vírus é tão comum que acredito que é uma questão de tempo que todas as mulheres com vida sexual ativa tenham contato com o vírus, assim como acontece com a gripe, mas não apenas as aventureiras”, completa Ana Luiza.

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Reprodução
Hannah, de Girls, teve HPV.
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