Seis meses depois de comprar seu carro, a professora Fabiana da Silva Gomes, 33 anos, não pensou duas vezes antes de participar de um curso de mecânica. Mais do que ficar preparada para possíveis problemas que possam acontecer com seu veículo, o interesse sobre o assunto tinha uma razão especial, compartilhada por várias mulheres: independência.
Mesmo sabendo trocar pneus, o que aprendeu com o pai, a professora ampliou seus conhecimentos sobre sistema de direção, freio, motor e outros elementos do carro em um curso realizado pela Servopa, concessionária da Volkswagen em Curitiba. “Procuro independência para resolver os problemas sozinha, quero saber o que está acontecendo ou não com o carro”, conta.
O interesse de Fabiana em entender mais sobre o assunto era antigo. Desde a adolescência ela queria participar de um curso de mecânica, mas apenas seus irmãos mais velhos puderam fazer, já que naquela época só os homens tinham essa formação. “Não era tão fácil como hoje, não tinha menina fazendo curso de mecânica”, lembra.
O chefe da oficina da Servopa, Anderson Andrei Alves, comanda o curso do programa Mecânica Inteligente para Mulheres (MIM), que no último sábado contou com a presença de aproximadamente 15 alunas em busca das mesmas informações que Fabiana. De acordo com ele, esta é uma tendência entre as motoristas. “Elas fazem questão de participar, se interessam bastante”, diz.
Ele acredita que, em uma turma específica para mulheres, elas ficam mais à vontade para sanar suas dúvidas. “Praticamente está igual à quantidade de homens e mulheres dirigindo, mas elas gostam de um atendimento diferenciado. Mas, mesmo assim, não perdem em nada para eles. Está de igual pra igual”, afirma.
Entre as alunas estavam mãe e filha que também pretendiam encontrar soluções sem precisar chamar o marido ou o seguro. “Conhecimento nunca é demais, é bom ter pelo menos uma noção”, disse a dentista Vera Urano, 51. Sua filha, a planejadora Vanessa Urano, 25, já passou por apuros com o carro e precisou se virar sozinha em um momento de aperto. “Tive que trocar um pneu na estrada, sem saber”, conta.