Combinação entre dor de cabeça e anticoncepcional

Tem sido cada vez mais comum ver mulheres reclamando de dor de cabeça em decorrência da utilização da pílula anticoncepcional. Por ser composto de hormônios, o medicamento de fato pode contribuir para agravar um quadro de cefaleia.  No entanto, o mesmo produto também pode ajudar a aliviar a dor, promovendo uma regularização do ciclo menstrual.

De acordo com o médico e professor do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Jaime Kulak Junior, isso acontece devido à oscilação do estrogênio no organismo da mulher durante o ciclo menstrual quando ela usa pílula. “Este hormônio é sintético e, por isso, causa flutuações diárias. Quando o efeito dele está passando, há constrição de vasos, o que pode gerar dor de cabeça”, explica.

A solução para o problema pode ser a prescrição de uma pílula que tenha doses menores de estrogênio (elas variam de 15 a 35 mg). Outras possibilidades são a troca por medicamento que não contenha este hormônio ou substituição do método contraceptivo. Adesivos e anéis vaginais podem ser uma boa opção, pois, apesar de conter estrogênio, mantêm a concentração do hormônio mais estável no sangue, o que evita a flutuação.
Alerta

A pílula pode ser ainda mais perigosa para quem tem enxaqueca com aura, diagnosticada somente com acompanhamento médico. “Mulheres que têm essa doença estão mais propensas a ter uma trombose e a pílula contribui para isso”, explica o ginecologista Rosires Pereira de Andrade. Isso acontece porque a pílula provoca estreitamento de algumas artérias, podendo causar até mesmo um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

É preciso, portanto, diferenciar a enxaqueca com aura de uma simples dor de cabeça. “A cefaleia apresenta apenas dor, enquanto a enxaqueca tem outros sintomas, como distúrbios visuais, sendo muitas vezes, incapacitante. Esses sintomas são manifestações neurológicas, podendo haver um comprometimento muito maior se a pílula for utilizada”, comenta Andrade.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem critérios de elegibilidade para utilização deste medicamento.  De acordo com a agência, a pílula é classificada no nível 4 (método para NÃO ser usado) em caso de enxaqueca com aura. Os níveis variam de 1 a 4, sendo o primeiro deles o que prevê que o método pode ser usado em qualquer circunstância. Mulheres que possuem enxaqueca com aura não podem utilizar nem mesmo adesivos ou anéis vaginais.