Leão do Alto da Glória

Grande craque do Coxa, Pachequinho foi decisivo em 95

Foi um dos melhores Atletibas de todos os tempos. Um daqueles que entram para a história e ficam na categoria de muito especial. Principalmente pelo ângulo do torcedor do Coritiba. Um jogo disputado no dia 13 de dezembro de 1995, no estádio Couto Pereira, quarta-feira. O jogo era às 20h30, mas no final da tarde o estádio estava cheio. Uma vitória do Atlético Paranaense o faria campeão da Série B. A partida mexeu com a cidade. Primeiro porque o Atlético era, até aquele momento, o furor da competição, segundo porque todo Atletiba é importante, terceiro porque vitória do rubro-negro o faria campeão da Série B na temporada, quarto porque uma vitória do Coritiba o garantia na Série A em 1996. E voltar para a Série A era o grande objetivo do Coxa naqueles anos 90, depois de cair para a Série B em 1989. Uma queda administrativa, sacramentada na base da caneta pela CBF.

Tudo isso formou um tempero mais que apimentado para um Atletiba. Era esse o quadro antes do jogo. Na hora do jogo, 37 mil torcedores dos dois times vibravam nas arquibancadas. Era a penúltima partida dos dois clubes pelo Campeonato Brasileiro, Série B. Este foi o jogo da vida de Erielton Carlos Pacheco, o Pachequinho. Ele foi o craque do time na década. Uma década sofrida para o alviverde do Alto da Glória. “A gente não aguentava mais ver a torcida sofrer com a Segunda Divisão”, disse Pachequinho aos prantos no vestiário ao fim da partida. “Virou obsessão. Nosso objetivo era voltar para a elite do futebol brasileiro”, disse. Ao fim da partida ele comentou: “Fico feliz de estar aqui no momento em que o Coritiba alcança o seu maior sonho nos últimos anos”. Sim. Aquele foi o jogo da década para o Coxa. O jogo da Séria A.

O atacante fez de tudo neste jogo em que também se destacou um garoto que começava a brilhar no Alto da Glória, o meia Alex, autor do primeiro gol em chute de fora da área, aos 10 minutos do primeiro tempo. O segundo gol foi feito aos 10 minutos do segundo tempo, depois de cobrança de falta de Gralak. O goleiro Ricardo Pinto deu rebote e Auri mandou para o fundo das redes. Aos 27 minutos, Pachequinho recebeu de Alex no meio campo, foi conduzindo a bola até a grande área, de onde chutou cruzado de perna esquerda para fazer o terceiro gol e coroar uma vitória maiúscula e que surpreendeu o adversário. “Por tudo o que ele representa, eu acho este um dos gols importantes de minha carreira. E esta partida eu acho que foi a mais importante que eu fiz com a camisa do Coritiba”, disse.

A vitória sobre o tradicional rival foi comemorada como título, porque representou, finalmente, a volta para a elite do futebol brasileiro, depois de seis anos. No dia seguinte, a Tribuna estampou na primeira página: “Alô Brasil! O Coxa voltou!”. E Pachequinho foi considerado o melhor homem em campo. “Um dos mais emocionados por ter trabalhado no clube todos estes anos de espera foi o ponta Pachequinho”, relatou a Tribuna. O ponta-esquerda foi chamado naquela noite de “O Leão do Couto”. “Em campo foi um leão. Driblou, lançou, foi veloz e foi premiado com a marcação do terceiro gol. Nos vestiários ao comentar os momentos difíceis do Coritiba. Ele chorou de emoção”, disse o jornal. E não era para menos. Afinal, justamente naquele ano o Coritiba comemorava uma década de sua conquista nacional da Série A. Mas o Coritiba ainda poderia conquistar o título da Série B. Bastava o Atlético perder ou empatar no sábado a última partida contra o Central de Caruaru e o Coxa vencer a sua última contra o Mogi Mirim.

A última rodada criou uma situação curiosa no Paraná. Os dois times da capital estavam classificados, mas ainda restava mais alguma coisa em jogo: o caneco. O Atlético jogou em Curitiba no dia 16 de dezembro e enfiou 4×1 no time pernambucano. E o Coxa não passou de empate em um gol no interior de São Paulo. No final das contas, os dois paranaenses terminaram o ano em alta. Os dois ganharam o acesso para a Série A e o Atlético ainda conquis,tou o primeiro título nacional em 71 anos de existência. Sem contar que os dois clubes viram despontar craques que além de alegrias, encheram os seus cofres de dinheiro, como o caso de Alex, do Coritiba, e a dupla Oséias e Paulo Rink, no Atlético.