Ele é gênio

Ricardinho foi um dos maiores levantadores da história da modalidade

A vida de Ricardo Bermudez Garcia daria um livro, mas ele já escreveu este livro, embora continue escrevendo outros capítulos em sua longa vida no vôlei brasileiro, que podem render outro livro. Bermudez, cujo nome no vôlei é Ricardinho, um dos maiores levantadores da história da modalidade, ganhou tudo o que um jogador poderia ganhar: medalha de ouro na Olimpíada, Copa do Mundo, Liga Mundial, Campeonato Mundial, Copa América, para ficar nos principais. Mais que isso: ele é considerado um revolucionário do esporte e foi capitão de um dos maiores times de vôlei de todos os tempos, a Seleção Brasileira quando esteve nela. Prestes a fazer 40 anos, ele continua na labuta. Dentro e fora da quadra. Ricardinho é o presidente do clube e principal atleta do Maringá Ziober Vôlei, de Maringá, que disputa a Superliga Masculina de Vôlei.

Em março deste ano, o Maringá Ziober foi eliminado nas quartas-de-final da Superliga Masculina de Vôlei. Ricardinho disse: “O projeto está indo conforme o planejado. Na primeira temporada nos classificamos em oitavo e agora em sexto. Na minha opinião poderíamos ter conseguido posição ainda melhor, mas no primeiro turno fomos um pouco irregulares”. Disse mais: “Continuamos com um projeto forte, aumentando ainda mais o nível do nosso time e levando o nome de Maringá para todo o Brasil”, afirmou. Assim que terminou o campeonato, Ricardinho foi chamado quase às pressas para jogar na Itália. Altura 1,92m, 94 quilos, canhoto, ele já tinha jogado seis anos pelas equipes do Modena, Sisley e Treviso. E ao chegar nem precisava de apresentações porque foi por muitos anos o capitão da Seleção Brasileira comandada por Bernardinho, campeã olímpica em Atenas e considerada uma das maiores equipes de vôlei masculino de todos os tempos.

Uma carreira que teve corte abrupto quando a dois dias da estreia da Seleção Brasileira nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em julho de 2007, Ricardinho foi cortado do elenco, justamente quando era considerado o melhor jogador do mundo. Bruninho entrou em seu lugar e Marcelinho virou levantador titular. A seleção ganhou invicta a medalha de ouro e no pódio a equipe homenageou o craque. Esta é apenas uma das muitas histórias sobre Ricardinho. Vendo seu ciclo de grande jogador perto do fim, Ricardinho emendou um novo desafio: recolocar Maringá no mapa do vôlei brasileiro. A cidade do Norte do Paraná se destacou nos anos 80 e 90 por conta do timaço da Cocamar que tinha craques como Paulão e grandes promessas como Ricardinho, Giba e outros. O projeto, como disse, está em evolução.

Depois que terminou a Superliga no Brasil, ele correu para a Itália, para integrar a equipe do Cucine Lube Banca Marche Macerata, de Treia, na reta final da Superliga Italiana: “Eu sou um jogador que sempre viveu de desafios. Este é um grande desafio. Estou em grande forma”, disse. O time não foi campeão, faz parte do jogo. O segredo para quem quer colecionar títulos e medalhas é este: não ter medo de enfrentar desafios. E Ricardinho tem mais esta virtude.

A briga

“O Ricardo não estava errado, ele tinha razão em algumas coisas que ele falava, ele tinha uma ideia certa, ele é um cara muito inteligente, muito observador. Só que ele fazia da forma errada, de uma forma pública, no meio de todo mundo, de pessoas que talvez não precisavam saber da intimidade do grupo, da conversa, e eu acho que esse foi o grande erro dele. Depois do corte foi ainda pior, porque aí ele foi pra imprensa, já não era só a gente, foi pra imprensa e falou mais coisas que não eram pra serem expostas e acabou sendo prejudicado. Ele foi o principal prejudicado, o grupo sofreu, mas ele foi muito prejudicado, ficar de fora de uma olimpíada (2008, Pequim), um cara da qualidade dele, do caráter dele, um cara que eu admiro, ele não podia ter ficado de fora”, contou o jogador Rodrigão sobre as divergências entre o capitão da seleção, Ricardinho, e o técnico Bernardinho.

Na Itália

Na temporada de 2015 Ricardinho foi chamado pelo Cucine Lube Banca Marche Macerata, de Treia, para ocupar o lugar do italiano Michele, Baranowicz, que se machucou.

Frase

“Não importava o lugar na quadra. Eu sempre tentava fazer a bola chegar ao mesmo lugar e velocidade para o atacante”. Ricardinho

Medalhas e conquistas

Jogos Olímpicos

Ouro – Atenas 2004

Prata – Londres 2012

Liga Mundial

6 medalhas de ouro (2001, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007)

Campeonato Mundial

2 medalhas de ouro (2002 e 2006)

Sul-Americano

4 vezes campeão (1997, 1999, 2001 e 2003)

Copa América

3 vezes campeão (1998, 1999 e 2001)

Copa dos Campeões

2 vezes campeão (1997 e 2005)

Copa do Mundo

1 vez campeão (2003)