“O Motor Show não é um evento que reúne só um tipo de clube ou um tipo específico de veículo. Junta carros novos e antigos, originais ou customizados. Tem para todos os gostos”, analisou o ex-metalúrgico Cleverson Moraes, 40 anos, mais conhecido como “Nenê”, que abriu as portas de sua oficina à Tribuna do Paraná para mostrar o que levará para o evento. Há veículos já conhecidos, mas também novidades nunca vistas pelas bandas de cá.
Nova em folha
O que ele tem de novo é a Ford F100 1960, pertencente a um empresário de Salvador (BA), que trouxe o carro para ser reformado em Curitiba. “Ele tem vários outros carros de coleção, mas todos originais. Este é o primeiro que customizou. Gostou e já está mandando uma Chevrolet pra modernizar também”, disse “Nenê”.
A caminhonete tinha um motor V8 original, trocado por outro V8 de Mustang, importado, câmbio de cinco marchas, que rendeu 240 HP no dinamômetro. O carburador foi substituído por injeção eletrônica, o chassi por outro mais forte e a suspensão também foi trocada. Estas duas últimas peças foram fabricadas na própria oficina do “Nenê”. Para segurar tudo isto, um disco de freio maior e uma pinça importada foram colocadas junto às rodas aro 20, com tala nove polegadas atrás e tala oito polegadas na frente. O assoalho da caçamba foi todo refeito em madeira, o estofamento em couro e a cromagem de peças do motor e embaixo do veículo.
Harmonioso
Outro carro que ficou com o visual harmonioso é a réplica de um Ford T 1923, que “Nenê” montou do zero. A ideia era fazer o estilo de customização da década de 50, quando as peças tinham desenhos mais retos. Ele diz que era um modelo e ano ruim de encontrar peças no mercado, então fabricou várias delas em sua oficina. O motor original era um quatro cilindros em linha, substituído por outro 6 cilindros, do Plimouth 1956. Como o motor era maior, ele precisou alongar o cofre, para caber o propulsor. Criou um escapamento diferenciado, colocou roda traseira com aro 15 e tala de 10 polegadas e rodas dianteiras aro 16 com pneu de Harley Davidson e freio a disco.
A suspensão é igual a original, porém mais reforçada. A coluna de direção é um diferencial do carro. Ao invés de vir do painel, vem do assoalho e termina com um volante criado pelo próprio “Nenê”. “Logo que você pega, estranha. Mas já na primeira vez que dirige acostuma. É como uma Kombi”, disse. Outro “charme” do carro é a visualização do combustível. No encosto dos bancos há uma parte transparente, bem no meio, onde é possível ver o nível do tanque.
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| Foto: NHRA/Divulgação |
“Ignorante”
A réplica de um Ford 1934 é um dos carros mais conhecidos do ex-metalúrgico, e também o com motor mais “nervoso” que ele tem. Tão potente, que até “Nenê” tem medo de andar, já que, quase sem acelerar, o carro patina para todos os lados. “Dependendo do local, eu não ando. Só se for um local próprio para competição, com todos os aparatos de segurança disponíveis. Ainda quero viver bastante”, brincou.
Ele conta que, por muitos anos, participou de campeonatos de Arrancada, com um dragster que hoje está pendurado no teto da sua oficina. Pegou dele o motor e instalou na réplica do Ford, que tem a carroceria feita em fibra de vidro. É um motor de Dodge Charger, todo preparado, com várias peças trocadas (mais resistentes), blower, câmbio de corrida, entre outras. Tão potente, que “so,lta fogo pelas ventas”, ou melhor, pelo escapamento, principalmente quando é abastecido com nitrometano puro.
O bólido não tem radiador e só pode ficar por poucos minutos ligado. “É só o tempo de ligar, aquecer pneu, arrancar e desligar. É só para demonstração”, contou “Nenê”, que vai fazer algumas destas apresentações no Motor Show, no stand de sua oficina, a NHRA. Claro que, para aguentar o tranco, ele precisou fabricar um chassi bem reforçado e colocar uma gaiola dentro da cabine, entre outras medidas de segurança. Como a intenção era a de que fosse um carro de corrida, por dentro, não tem nenhuma personalização. Apenas um banco de corrida, volante, câmbio e outras peças essenciais.
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| Foto: NHRA/Divulgação |
Quer ver o Ford “ignorante” do “Nenê” arrancando? Acompanhe no vídeo!