Frases nos para-choques de caminhões fazem parte do folclore

Ninguém sabe ao certo quando foi que esse costume teve início, mas é possível dizer que provavelmente foi a partir do momento em que o primeiro caminhão rodou em solo brasileiro.

Estamos falando sobre o costume, hoje em dia já nem tanto em voga, do motorista brasileiro colocar frase nos para-choques do seu caminhão, às vezes curiosa, ou de brincadeira, triste, alegre, provocativa, de protesto, de alerta e mais mil e uma modalidades.

Essa prática passou a fazer parte do folclore sobre o trânsito de veículos nas estradas brasileiras, chamando a atenção de todos os viajantes. Quem, durante uma viagem, não se divertiu lendo frases de para-choques de caminhões?

Até nós, nos idos de 1960, ganhamos uma assinatura anual da revista Quatro Rodas, enviando, à página especializada no assunto, fotografia de dois para-choques dianteiros de um baita Mercedão, onde se lia: “Não cobiçar a mulher do próximo, quando o próximo estiver próximo”.

Esta foi o máximo! Por outro lado, a prática revela o espírito extrovertido do motorista de caminhão brasileiro que, na maioria das frases que coloca no para-choque, tem como tema a mulher, sempre a mulher.

Bem, vai daí que existem pessoas, como o nosso amigo antigomobilista Waldir Kunze, que gosta de colecionar frases de para-choque de caminhão e já tem no seu acervo mais de 150 delas, coletadas ao longo de sua vida de andanças pelas estradas brasileiras.

Visando o deleite de nossos leitores, sacamos algumas frases dessa coleção, tiradas de para-choques de caminhões Ford, Chevrolet, Mack, Reo, GMC, International, White, Acro Matador, Citroen, FNM, Nash, Mercedes Benz, De Sotto, Fargo, Dodge e por aí afora: Entre a loira e a morena prefiro você; É triste sonhar contigo e acordar no leito da estrada; Sou vítima de chofer e de sorriso de mulher; Mulher feia e urubu comigo é na pedrada; Vitamina de FNM é poeira de Ford; Árvore e mulher só dá galho;

Se tem peito e rodas vai te dar problema; Sogra não é parente, é castigo; Feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão; O último sim eu disse no altar; No baralho da vida fiquei por uma dama; Quando pobre come galinha, um dos dois está doente; O maior peso deste mundo é uma mulher leviana; Você com tanta curva e eu no meio sem freio; Mulher é como estrada: sendo boa é perigosa; Turista forçado; Quem gosta de coroa é o diferencial; Mulher feia e limão só com cachaça; Se seio fosse buzina, motorista não dormia de noite; Mamãe reza por uma nora; O amor virou cinza porque mandei brasa; A riqueza de um pobre é a lealdade de uma mulher sincera;

Scania e sutiã é para quem tem peito; Nasci sem dente e vivo na banguela; Melhor do que Mercedes só a mulher; Moça que casa com um pão morre de fome; Nas curvas do teu corpo tombei meu coração; Do jeito que vão as coisas nem as matas são virgens; Mulher feia e frete barato não carrego; Viúva é como lenha verde: chora mas pega fogo; Saúde, dinheiro e vinho – mulher, tango e Mercedinho; Não sou sutiã, mas sou amigo do peito; Não sou gavião, mas carrego franguinha; Rico anda de avião – pobre de trucão; O frete baixa e a minissaia sobe;

Onde termina a minissaia começa o meu pensamento; Mulher é como alça de caixão – quando um larga outro pega; Minissaia é como prestação: quanto mais curta melhor; No decote do horizonte vejo os seios da saudade; Nunca beije no portão: o amor é cego mas o vizinho não; Já que o amor é cego, o negócio é apalpar; Por falta de roupa nova, passei o ferro na velha; Mulher e fotografia se revela no escuro; Marido de mulher feia detesta feriado. E para arrematar, publicamos foto do piloto são-joseense Miroslau Socachewski, da década de 1950, ao lado de sua carreteira Ford número 14, em cujo para-choque lia-se: “Ganha-se pouco mas é divertido”. (Ari Moro)

Voltar ao topo