Morrem 6 pessoas no dia do sequestro de Fangio, há 51 anos!

Poucas pessoas adeptas do automobilismo de competição se recordam, enquanto outras tantas sequer sabem que, no dia 23 deste mês de fevereiro será lembrada a passagem do dia em que um dos maiores pilotos de carros de corrida do mundo em todos os tempos foi alvo de sequestro por parte de guerrilheiros comandados por Fidel Castro, às vésperas de um Grande Prêmio, em Cuba.

Sim, o argentino Juan Manuel Fangio, penta campeão de Fórmula 1, foi sequestrado para que não disputasse o Grande Prêmio de Cuba que aconteceu no dia 23 de fevereiro de 1958, em Havana, capital deste país.

Somente que, tudo transcorreu pacificamente, sem violência de nenhuma das partes, o que colaborou para que o piloto se tornasse ainda mais famoso no mundo, pois, tratava-se de fato inédito nos meios automobilísticos de competição.

Por outro lado, Fidel Castro e os seus guerrilheiros pouco se importavam com corridas de carro. O motivo principal do sequestro foi político, pois, com o ato, Fidel queria chamar a atenção do mundo para o que estava acontecendo em Cuba, ou seja, a luta dos guerrilheiros para derrubar o então presidente Fulgêncio Batista.

A manobra deu certo, uma vez que jornais de todo o mundo, como El Clarin, de Buenos Aires e New York Times, da cidade norte-americana deste mesmo nome, publicaram notícias a respeito citando Fangio, Fidel e tudo o mais.

Alertados sobre a passagem da data do curioso acontecimento pela antigomobilista Elisa Asinelli do Nascimento, da Antyqua, de Curitiba, vamos à história.

A prova abriria o calendário do campeonato mundial de carros esporte e contava com a presença de pilotos de Fórmula 1, entre eles o britânico Sterling Moss que deveria ter sido sequestrado também segundo o plano dos guerrilheiros, Alejando de Tomaso, Nello Ugolini, o francês Maurice Trintignant.

Fangio correria com uma Maserati 450S e tinha feito o melhor tempo nos treinos, enquanto que Moss pilotaria uma Ferrari. Na noite anterior à prova, Fangio estava no Hotel Lincoln com amigos, quando apareceu um guerrilheiro armado com revolver obrigando-o a deixar o estabelecimento e entrar num automóvel. As autoridades policiais foram alertadas, iniciando-se uma busca geral mas, até a hora da largada da competição o destino de Fangio era ignorado.

A corrida não poderia esperar. Então foi designado Maurice Trintignant para pilotar o carro do argentino. Ninguém suspeitava que muita coisa ruim ainda estava para acontecer. O GP durou apenas cinco voltas, pois o carro do piloto cubano Armando Garcia Cifuentes derrapou numa curva e arremeteu contra espectadores.

Resultado: seis pessoas mortas e trinta e duas feridas! A prova foi interrompida, tendo sido declarado vencedor Sterling Moss. E Fangio? Ele foi libertado 29 horas após e nunca revelou a ninguém a identidade dos seus sequestradores.

No entanto, trinta e quatro anos depois, recebeu na Argentina a visita de um dos seus raptores, Arnold Rodrigues. Três anos após este encontro, falecia Juan Manuel Fangio.

Nas ilustrações de hoje, Fangio e sua Maserati de 3.000 cilindradas disputando uma prova no autódromo de Interlagos/SP, no ano de 1957, quando, para não destoar, venceu mais uma vez.

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