Tortura de mendigos em Paranaguá vai ser comunicada à ONU

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, enviará um documento comunicando à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA) as denúncias de que moradores de rua de Paranaguá, litoral do estado, teriam sido expulsos da cidade, depois de terem sido torturados física e psicologicamente por guardas municipais da Prefeitura. O Ministério da Justiça também será comunicado para que possam ser tomadas providências em relação à gestão da Secretaria Municipal de Segurança.

?O que estava acontecendo em Paranaguá é um absurdo, que fere todos os princípios dos direitos humanos e a liberdade de ir e vir dos cidadãos. Além das investigações e prisões, o fato deve ser levado ao conhecimento dos órgãos internacionais que lutam pela defesa dos direitos humanos. Futuramente, essas organizações podem ajudar a fiscalizar essas atrocidades?, ressaltou o secretário.

Além disso, o Conselho Permanente de  Direitos Humanos do Estado do Paraná (Coped) convocou reunião extraordinária com a Secretaria da Segurança e com os demais conselheiros, para, juntos, verificarem que providências podem ser tomadas futuramente para proteger essas pessoas vítimas de abuso. Segundo o Coped, a reunião está marcada para a próxima terça-feira (17), às 8h30 da manhã.

Para o secretário Delazari, o desafio da polícia agora é investigar e descobrir quem são os envolvidos no caso que trabalham na Prefeitura de Paranaguá. ?Vamos esclarecer de quem partiu a iniciativa de torturar e despejar os mendigos da cidade, portanto, outras pessoas podem ser responsabilizadas pelos crimes?, acrescentou Delazari.

Abusos

Na terça-feira (10), o secretário municipal de Segurança Pública de Paranaguá, Álvaro Domingues Neto, e quatro guardas municipais da cidade foram presos pela Polícia Civil, acusados de tortura e abuso de autoridade contra mendigos que ficavam nas ruas de Paranaguá, litoral do Paraná. De acordo com inquérito concluído pela Polícia Civil, os guardas municipais retiravam à força mendigos das ruas da cidade, os torturavam e os abandonavam locais afastados da cidade. Outros três guardas municipais que teriam participado dos crimes ainda são procurados pela polícia. Todas as prisões foram decretadas na tarde de segunda-feira (09), pela 2.ª Vara Criminal de Paranaguá.

Segundo o delegado Valmir Soccio, titular da Subdivisão de Paranaguá, existem relatos de nove casos de despejo dos mendigos. Em três situações, eles foram abandonados em vias públicas em um bairro da periferia de Curitiba. Outra denúncia relata que alguns mendigos foram abandonados na cidade de Registro, no interior de São Paulo.

Além disso, há três casos parecidos em que mendigos foram abandonados no lixão de Paranaguá, nas cavas do Imbucuí. No Viaduto dos Padres, na BR-277, entre o litoral do estado e Curitiba, aconteceram mais dois casos distintos. ?Temos relatos de que dois mendigos foram abandonados na ponte, seus pertences foram jogados lá para baixo e eles foram ameaçados de morte, se voltassem para Paranaguá. Foram deixados no meio do viaduto, a pé?, contou o delegado.

As investigações começaram em março deste ano por determinação da Secretaria de Estado da Segurança Pública. O padre da cidade, Adelir Antonio de Carli, denunciou a prática dos guardas municipais para o Ministério Público Estadual, que repassou as investigações do caso ao secretário da Segurança do Paraná, Luiz Fernando Delazari. A partir daí, a Polícia Civil passou a investigar o caso e efetuou as prisões.

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